domingo, 1 de abril de 2012

Entrar com jumento


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Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros
Presidente do Regional Leste II da CNBB
Jesus, o Rei dos reis, quis usar um meio de transporte simples. Poderia entrar triunfalmente numa carruagem dourada na capital de seu país. Aliás, queremos ver um Deus poderoso com todas as honras que costumamos dar às mais importantes autoridades. Sabemos que Ele, no entanto, não precisa disso. Está muito acima de tudo o que podemos imaginar das ambições humanas. O que Ele quer mesmo é um novo encaminhamento para nossa vida. O que mais vale não é ter tudo o que imaginamos de conforto sensível na ordem física e material. Isso não é finalidade de vida realizadora. É apenas instrumento. Se for usado adequadamente, como a boa saúde, pode nos ajudar a entrar, como Jesus, para um estágio de vida realmente feliz. Ele vai à frente, com seu jumentinho emprestado, para nos dizer sobre outra forma de vida, a de darmos de nós pela convivência digna, justa e fraterna. Enquanto não houver isso, o sacrifício da própria vida, continuarão acontecendo muitos mecanismos de morte e falta de promoção da dignidade humana. O divino Mestre não sai da raia, indo até o fim com sua doação total, para nos dar vida de sentido e realmente realizadora.

A vida simples e solidária nos gratifica muito mais do que trabalhar com a finalidade absoluta de conquista de mais dinheiro, fama e busca de satisfações passageiras como objetivo de vida. Jesus, o Rei pobre, enriquece-nos com sua riqueza do ser humano-divino. Na sua trilha aprendemos a olhar a vida com ternura, amor, misericórdia, compaixão e doação de nós pelo bem do semelhante.

No lançamento de mantos e ramos à passagem do Rei, o povo gritava seus vivas a Ele. A euforia reinava. Jesus indicava o caminho da vida de sentido para nós. O “viva!” não pode ser só para um momento. Aliás, se não for compromisso para o seguimento do Senhor, pouco adianta. Seria como a oração sem o consequente esforço para a realização da vontade de Deus. Que vontade? Não será a de imitarmos o Rei pobre, com a pobreza do ser? Isto é, com o esvaziamento dos ídolos que não nos deixam encher o vaso de nosso eu com a riqueza do amor de Deus? Este nos leva a olhar para as necessidades do semelhante, a partir do doente, do sofredor, do empobrecido, do drogado, do alcoolizado, do que vive sem sentido, do casal brigado, da criança agredida e abandonada, do povo que precisa de políticas públicas adequadas a resolver suas necessidades, da promoção do voto para quem tem condição ética e com capacidade de governar ou legislar bem!

Como poderíamos ter uma vida mais modesta nas exigências materiais para sermos mais solidários e promovermos realmente o bem comum! Nosso progresso pessoal, familiar, empresarial e social não pode ser feito somente com o acúmulo de bens para o enriquecimento de minorias ou com políticos que trabalham, acima de tudo, para se elegerem e reelegerem com métodos ilícitos e sem compromisso com o povo, principalmente o mais sofrido. Às vezes é esse o mais enganado, recebendo alguns pequenos favores em troca do voto.

A entrada na Semana Santa nos convida a ter a atitude de Jesus, que nos deu a vida, até a última gota de sangue, para termos condição de mudança, chegando com Ele à verdadeira ressurreição, no que compete a nós, para uma vida de autêntico amor!

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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