Destaque cada vez mais crescente – disse o Papa - assume a atual situação econômica, cuja complexidade e gravidade justamente preocupa, mas diante da qual o cristão é chamado a agir e a se exprimir com espírito profético, capaz de colher nas mudanças em andamento a incessante e misteriosa presença de Deus na história, assumindo assim com realismo, confiança e esperança as novas emergentes responsabilidades. “A crise obriga-nos a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, tornando-se assim uma oportunidade de discernimento e de novo planejamento”.
É neste espírito, com confiança e sem desânimo – disse Bento XVI - que o compromisso civil e político pode receber novo estímulo e impulso na busca de um sólido fundamento ético, cuja ausência no campo econômico contribuiu para a atual crise financeira global. A contribuição política e institucional que os senhores dão não poderá, portanto, limitar-se a responder às necessidades urgentes de uma lógica de mercado, mas deve continuar a assumir como central e essencial a busca do bem comum, como também a promoção e proteção da inalienável dignidade da pessoa humana.
Em seguida o Papa afirmou que, infelizmente são muitas e rumorosas as ofertas de respostas imediatas, superficiais e de breve respiro às necessidades mais fundamentais e profundas da pessoa.
Os âmbitos nos quais se exercita este decisivo discernimento são precisamente os concernentes aos interesses mais vitais e delicados da pessoa, ali onde se fazem as escolhas fundamentais inerentes ao sentido da vida e busca da felicidade. Tais âmbitos, por sua vez, não são separados, mas profundamente ligados, e exite entre eles um contínuo respeito da dignidade transcendente da pessoa humana, enraizada no seu ser imagem do Criador e fim último de toda jusitça social autenticamente humana.
O resepeito pela vida em todas as suas fases, desde a concepção ao fim natural – com consequente rejeição do aborto procurado, da eutanásia e de toda prática eugenética – é um compromisso que se entrelaça de fato com o do respeito pelo matrimônio, como união indissolúvel entre um homem e uma mulher e como fundamento da comunidade de vida familiar.
É na família, “fundada no matrimônio e aberta à vida”, que a pessoa experimenta a partilha, o respeito e o amor gratuito, recebendo ao mesmo tempo – da criança enferma, ao ancião – a solidariedade que necessita. E é ainda a família que constitui o principal e mais incisivo lugar educativo da pessoa, através dos pais que se colocam ao serviço dos filhos para ajudá-los a crescer da melhor forma possível. A família, célula originária da sociedade, é portanto raíz que alimenta não só cada pessoa, mas também as bases da convivência social.
E o Papa adverte: um autêntico progresso da sociedade humana não poderá deixar de lado políticas de tutela e promoção do matrimônio e da comunidade, políticas que cabem não só aos Estados mas também à Comunidade Internacional, para inverter a tendência de um crescente isolamento da pessoa, fonte de sofrimento e de insensibilidade seja para o indivíduo seja para a própria comunidade.
O Papa chamou ainda a atenção para o fato de que “se é verdade que a defesa e a promoção da dingidade da pessoa humana são responsáveis os homens e mulheres de qualquer conjunta da história”, é também verdade que tal responsabilidade concerne de modo particular àqueles que são chamados a desempenhar um papel de representação. Eles, se animados pela fé, devem ser “capazes de transmitir às gerações futuras razões de vida e de esperança”.
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