quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Sínodo dos Bispos: Entrevista com dom Odilo Pedro Scherer


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O cardeal arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer, concedeu uma entrevista ao jornal O São Paulo em que fala sobre o andamento do Sínodo dos Bispos, que acontece no Vaticano. Acompanhe a íntegra da entrevista com o cardeal.

A 13ª Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos foi aberta em Roma no dia 7 de outubro, com o tema: “nova evangelização para a transmissão da fé cristã”. Como se desenvolveram os trabalhos sinodais até agora?
Esta Assembleia é a que, até agora, reuniu o maior número de participantes; são cerca de 280 pessoas no total, das quais, uns 200 bispos. No primeiro dia, após uma breve e bela reflexão do Papa, o Secretário Geral do Sínodo dos Bispos e o Relator desta Assembléia Ordinária fizeram suas colocações; logo a seguir, a palavra foi dada aos participantes, que puderam intervir por 5 minutos, cada um, fazendo suas observações e reflexões sobre o tema; assim continuou por toda a semana, só havendo uma pausa no dia 11, pela manhã, para a participação na Missa de abertura do Ano da Fé. O Sínodo é um grande exercício de escuta e discernimento da Igreja sobre o tema em questão. Quando todos os membros da Assembleia tiverem tido a ocasião de intervir na Assembleia, haverá o trabalho de grupos, para a elaboração de propostas sobre os vários aspectos do tema; as propostas, finalmente, serão votadas em plenário e entregues ao Papa, como fruto dos trabalhos sinodais.
A fé católica  está em crise no mundo?
Eu não diria que a fé católica, enquanto tal, mas a transmissão da fé está em crise. E isso tem a ver com vários fatores: a pouca clareza e formação na fé, a superficialidade na experiência da fé, a evangelização insuficiente... Por isso, a fé deixa de ser praticada, testemunhada e comunicada aos outros; é como acontece com uma lamparina que não mais recebe mais óleo: pouco a pouco, ela vai se apagando. Para superar essa crise, é preciso reencontrar os motivos da fé, o alimento da fé e a alegria de crer. Só no renovado encontro pessoal com Jesus Cristo, que nos revela Deus, é que podemos reavivar a nossa fé e refazer o ardor missionário, que leva a transmitir a fé aos outros.
Quais são as principais questões que até agora emergiram nos trabalhos do Sínodo?
São muitas; os padres sinodais abordam com liberdade os diversos aspectos do tema do Sínodo: da crise cultural, que cria dificuldades para a vivência e a transmissão da fé; da necessidade de centrar a fé no Mistério de Deus revelado em Cristo Jesus; da necessidade de uma iniciação sólida à vida cristã e de formar bem os batizados na fé cristã; da urgência de uma catequese aprofundada ao longo de toda a vida; fala-se também da “conversão pastoral e missionária” de toda a Igreja, das iniciativas e ações missionárias já em andamento, da formação mais aprimorada das vocações, do clero, dos leigos e religiosos. O tema estimula a uma reflexão muito ampla. Fala-se também das experiências novas e bem sucedidas de transmissão da fé, em todo o mundo; do uso dos Meios de Comunicação para uma evangelização eficaz... Os participantes latino-americanos fazem muitas referências à Conferência de Aparecida, que já suscitou tantas iniciativas e dinâmicas de nova evangelização na Igreja.
Como se dá a transmissão da fé?
A fé é um dom de Deus, que devemos buscar e pedir com perseverança; Deus mostra o caminho da fé para quem a procura. E a fé nasce e se alimenta na escuta e acolhida da palavra de Deus e São Paulo chega a dizer que “a fé nasce da pregação da Palavra de Deus”. Mas também ajuda a despertar a fé o testemunho de vida cristã das pessoas de grande fé, como os santos, os místicos, as testemunhas da caridade cristã; e não podemos esquecer que a fé se alimenta na oração, na Eucaristia, na oração e na prática do amor ao próximo.
No dia 11 de outubro, na comemoração do 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, o Papa abriu o Ano da Fé; que relação existe entre esta comemoração do Concílio, o Ano da Fé e o tema da Assembleia do Sínodo dos Bispos?
Há uma relação estreita. O primeiro objetivo do Concílio Ecumênico Vaticano II, há 50 anos, era dar um novo impulso à vivência, ao testemunho e à transmissão da fé católica. O Ano da Fé, proclamado e aberto pelo Papa Bento XVI, tem esses mesmos objetivos: renovar a experiência e a profissão pessoal e pública da fé, aprofundar o conhecimento da fé e retomar o processo de transmissão da fé no atual contexto de crise cultural e religiosa. E o objetivo da Assembleia do Sínodo dos Bispos é rever e aprofundar a evangelização, para propiciar a transmissão da fé. Acho que as questões estão bastante relacionadas umas com as outras e, se as propostas do Sínodo e do Ano da Fé forem bem acolhidas e vividas, o fruto certamente será muito bom.
O Papa também assiste às sessões do Sínodo?
O Papa convocou o Sínodo para ouvir os bispos e demais membros da assembleia sinodal sobre o tema em pauta; por isso, ele está presente quase sempre nas sessões e escuta atentamente tudo o que se diz. No final, todo o fruto dos trabalhos sinodais será entregue ao Papa para que faça, a partir disso, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal.
O que esperar da realização do Ano da Fé na Arquidiocese de São Paulo?
Antes de tudo, espero que possamos fazer uma bela abertura em toda a Arquidiocese no domingo, dia 4 de novembro; que a Carta Pastoral – “SENHOR, AUMENTAI A NOSSA FÉ” – que escrevi para todo o povo da Arquidiocese, seja lida por um grande número de pessoas e as indicações ali contidas para viver o Ano da Fé possam ser acolhidas com proveito. Ao longo do Ano da fé, espero que haja muita catequese sobre o Creio em Deus Pai para todos os grupos e idades, e que, se possa renovar publicamente, e de modo solene, a fé católica em várias ocasiões e com os mais diversos grupos. Enfim, faço votos e rezo para que este tempo de graça traga abundantes frutos de conversão e de redescoberta da alegria de crer e de pertencer à Igreja Católica para o povo de São Paulo.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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