sábado, 14 de agosto de 2010

COM ADULTOS, CATEQUESE ADULTA

Adicionar legenda

Uma proposta brasileira ¯


Luiz Alves de Lima, sdb

I  -  Retorno da catequese aos adultos

1. Renovação da catequese
O movimento catequético, dentro da Igreja Católica no século 20, produziu certamente frutos de profundo significado para toda a comunidade cristã tendo como pano de fundo o Concílio Vaticano II.
Na América Latina a renovação eclesial e catequética passou também pelas três Assembléias do episcopado latino-americano (Medellín, Puebla e Santo Domingo) e no Brasil, ganhou a benéfica influência do dinamismo que a nossa Igreja viveu particularmente nas décadas finais do século.
A publicação em 1983 do Documento 26 do episcopado brasileiro Catequese renovada: orientações e conteúdo (CR) catalisou e impulsionou as diversas iniciativas renovadoras no campo catequético.[1] O movimento catequético brasileiro deu grandes passos com a recepção, divulgação e operacionalização desse documento. As reuniões nacionais que já existiam desde os anos 50, multiplicaram-se, tornaram-se mais regulares a partir de 1983, agora com o nome de Encontros nacionais de catequese. Os temas neles tratados refletem a vontade dos agentes de catequese de não só caminhar com a Igreja, no sentido de pastoral orgânica, mas também de contribuir, a partir das atividades da educação da fé, para que a Igreja responda à altura aos desafios dos tempos.
Nessa direção colocam-se também as reuniões  (bem mais freqüentes) dos coordenadores nacionais de catequese e a constituição, no mesmo ano de 1983, de um grupo nacional de reflexão catequética (Grecat) com o papel de assessorar a Linha 3 ou Dimensão Bíblico-Catequética da CNBB, e de acompanhar o movimento catequético em âmbito nacional. Um dos frutos dessa renovação, foi a publicação de estudos que completam e ampliam CR.[2] O mesmo Grecat, os coordenadores nacionais, os catequistas de base juntamente com outras forças eclesiais organizaram, neste ano de 2001, uma grande mobilização nacional que culminará na 2a Semana Brasileira de Catequese (2a SBC) em outubro, em torno do tema da catequese com adultos.
2. Adultos: preocupação de toda a Igreja
Um dos temas que desde o Vaticano II[3] vem merecendo atenção peculiar da reflexão catequética, sobretudo no Brasil, é a preocupação com os adultos.[4] A afirmação mais importante e que deu início a uma mudança de mentalidade nesse sentido, foi a do Diretório catequético geral de 1971: “Recordem os pastores que a catequese aos adultos, enquanto dirigida a pessoas capazes de adesão e de um empenho verdadeiramente responsável, deve ser considerada a principal forma de catequese, à qual todas as outras, não menos necessárias, estão orientadas” (n. 20). Tanto o Sínodo sobre a catequese (1977) como a exortação apostólica Catechesi Tradendae de João Paulo II (n. 43) e o Diretório geral para a catequese (DGC)[5] de 1997 (n. 59) reafirmam essas expressões. Este último, ao enumerar os destinatários da catequese, coloca os adultos em primeiro lugar (nn. 172-176), dizendo que ela “deve assumir sempre mais uma importância prioritária” (n. 258a) na organização da Igreja local e paroquial.
Superando a tradicional referência da catequese ao mundo das crianças, ou quando muito aos adolescentes e jovens, uma nova visão surgiu e se impôs ao longo desses últimos cinqüenta anos: a catequese, cuja origem no cristianismo primitivo estava muito ligada ao mundo dos adultos, deve com urgência retornar a eles.
O documento CR é enfático ao afirmar:
“A catequese comunitária de adultos, longe de ser apêndice ou complemento, deve ser o modelo ideal e a referência, a que se devem subordinar todas as outras formas de atividade catequética. Ela deve receber uma atenção prioritária em toda paróquia e comunidade eclesial de base (cf. IV parte)” (n. 120).
“É na direção dos adultos que a Evangelização e a Catequese devem orientar seus melhores agentes. São os adultos os que assumem mais diretamente, na sociedade e na Igreja, as instâncias decisórias e mais favorecem ou dificultam a vida comunitária, a justiça e a fraternidade. Urge que os adultos façam uma opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando a fé individualista, intimista e desencarnada. Os adultos, num processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade, criarão, sem dúvida, fundamentais condições para a educação da fé das crianças e jovens, na família, na escola, nos Meios de Comunicação Social e na própria comunidade eclesial” (n. 130).
Encontramos essa tendência em todas as partes da Igreja, expressa em documentos oficiais, tanto do magistério pontifício,[6] como nos pronunciamentos do CELAM e de episcopados nacionais.[7]
Um fato importante ocorrido nesses últimos quarenta anos foi também a publicação em várias partes da Igreja, de catecismos de adultos ou para adultos. Com raras exceções, como o Catechismus ad Párocos do Concílio de Trento, o gênero catecismo foi usado sobretudo na educação da fé de crianças e jovens. Ultimamente tem aparecido o esforço de adaptar este mesmo gênero catecismo para cristãos adultos. O primeiro dentre eles, e talvez o que tenha alcançado melhor seus objetivos, em que pese a polêmica suscitada, foi o chamado Catecismo Holandês.[8] Seu grande sucesso se deveu principalmente ao fato de ter conseguido expor a fé cristã, a partir de uma abordagem antropológica e ter falado a linguagem do homem (europeu) de hoje.
3. Catequese com adultos implícita
A nossa prática pastoral sempre esteve muito voltada para o mundo dos adultos. É verdade que não se pode falar, em nossa tradição tanto antiga como recente, de estruturas, programações, agentes ou mesmo práticas direcionadas para uma catequese explícita aos adultos, assim como temos com relação às crianças, adolescentes e até jovens. Mas, sem dúvida, a renovação pastoral pré e principalmente pós-conciliar sempre estiveram muito ligada ao mundo adulto, embora nem sempre se usasse ex professo as tradicionais expressões catequese de adultos, educação da fé de adultos, pedagogia religiosa de adultos ou semelhantes.
Sabemos que toda ação pastoral possui uma dimensão catequética. Há algumas que primam pela característica catequética e são tidas como verdadeiros processos de educação da fé. Exemplos desta catequese de adultos implícita são, por exemplo, os círculos bíblicos, tão difundidos em nossas comunidades. Neles, conforme Carlos Mesters,  procura-se “levar a Bíblia para a vida e a vida para a Bíblia” numa íntima interação entre fé e vida, tão característica de nossa catequese. É através do livro sagrado, fonte primeira da revelação, que nosso povo vai se educando e crescendo na fé.
O mesmo se pode dizer de outro modelo pastoral, considerado até como “um novo modo de ser Igreja e da Igreja ser”: são as comunidades eclesiais de base, também muito difundidas. Embora não tenham atualmente a mesma presença na mídia, nem suscitem polêmicas tão típicas de um passado não muito remoto, contudo estão vivas e atuantes. As CEBs são formadas por adultos, jovens e crianças, mas sem dúvida quem conduz e dá o tom na comunidade eclesial são os adultos. Elas são chamadas comunidades catequizadoras e se tornaram até modelo acabado da catequese no Brasil, ideal esse descrito na quarta parte do documento CR. Aí se constata: “grupos podem caminhar e desenvolver-se para sempre mais se tornarem comunidades catequizadoras, é mais ou menos seguindo estes passos, que muitas Comunidades Eclesiais de Base se formaram no Brasil” (CR 285).
Outra prática pastoral considerada um grande momento de catequese de adultos na Igreja no Brasil é a Campanha da Fraternidade. Já com quase 40 anos de existência, esse movimento atinge não só as comunidades cristãs, mas também os diversos níveis da sociedade, através da discussão de temas de muita atualidade para a vida da sociedade, sempre à luz do Evangelho. Aqui também os mais envolvidos na discussão dos problemas são os adultos. É um tipo de catequese de adultos que desenvolve sobretudo temas ligados ao ensino social da Igreja, levando os cristãos a considerarem e viverem a dimensão sociopolítica  da própria fé.
Essas três frentes pastorais (círculos bíblicos, CEBs e campanha da fraternidade) são reconhecidas como formas e modelos de catequese de adultos, mesmo no exterior.[9]  Entretanto, há outros sinais de que a ação evangelizadora no Brasil está voltada em geral para o mundo dos adultos. Um deles, por exemplo, foi a publicação de um documento sobre a missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas por parte da Conferência Episcopal,[10] baseado numa eclesiologia de comunhão, procurando superar o crônico clericalismo católico com a maior participação dos cristãos leigos adultos.
O Instrumento de Trabalho da 2a SBC aponta como formas já existentes de catequese com adultos, além das já mencionadas, também as seguintes: preparação de pais para o batismo dos filhos; preparação de adultos para receber sacramentos; encontros de noivos; envolvimento dos pais na preparação para a eucaristia; encontros paroquiais e diocesanos, escolas da fé; formação sistemática nos diversos movimentos; formação de catequistas (a catequese dos catequizadores); missões populares; novenas de Natal ou com outros temas. Reconhece, porém que muitas dessas atividades se confundem, na prática, com o que chamamos de formação permanente.[11]
Podemos ainda apontar como esforço de retorno ao mundo dos adultos, a caminhada da Igreja na perspectiva mais libertadora, assumindo com determinação e firmeza a dimensão sociopolítica da fé cristã. Em que pese estar hoje esta dimensão um pouco atenuada em relação a atitudes mais corajosas no passado, contudo ela se faz presente principalmente no projeto pastoral da Igreja no Brasil, as Diretrizes gerais da ação evangelizadora. Nelas constatamos a presença das atitudes evangélicas do serviço, comunhão, respeito e diálogo diante do pluralismo religioso e cultural, testemunho, opção preferencial pelos pobres, participação na construção da sociedade justa e solidária. Tudo isso tendo como pano de fundo a vontade de mergulhar cada vez mais na cultura tanto das camadas populares como na cultura dos estratos mais técnico-científicos e de estar atentos às constantes mudanças culturais, para que o anúncio do evangelho não seja um apêndice ou não caia à margem da vida (inculturação).
4. Em busca de uma verdadeira catequese com adultos
No Brasil, o interesse explícito e formal pela catequese com adultos adquiriu maior força ultimamente. Todas as iniciativas, nesse sentido, estão convergindo para a preparação e celebração da 2a SBC. Seu único e específico tema é a catequese com adultos. Esta decisão é fruto da prática e reflexões que vêm sendo feitas em âmbito nacional nestes últimos 30 anos.
Além da publicação dos documentos já assinalados, os acontecimentos que muito marcaram o movimento catequético brasileiro, do ponto de vista oficial, foram os encontros nacionais de catequese (ENC).[12] Deles tomam parte os principais responsáveis pela pastoral catequética no Brasil: bispos delegados pelos regionais da CNBB, assessores nacionais, o coordenador e mais um representante de cada regional, os membros do Grecat e assessores especiais. São momentos de avaliação, discernimento, reflexão e busca de caminhos que respondam às necessidades da Igreja no campo da educação da fé dos cristãos.
Apresentamos a seguir, a relação desses ENC com seus respectivos temas:
1983 – 1º ENC: estudo e operacionalização do documento CR;[13] criação do Grecat[14] e valorização do dia do catequista.
1985 – 2º ENC: catequese e teologia da libertação; catequese e outras dimensões da pastoral; preparação da primeira semana brasileira de catequese.[15]
1986 – 1ª Semana Brasileira de Catequese: fé e vida em comunidade renovação da Igreja e transformação da sociedade.[16]
1987 – 3º ENC: catequese e Diretrizes gerais da Igreja no Brasil; formação de catequistas.[17]
1989 – 4o ENC: formação de catequistas; mobilização catequética nacional; pesquisa sobre a Crisma.[18]
1991 – 5o ENC: catequese e inculturação: culturas populares, religiosidade popular; simbolismo da casa da catequese construída sob quatro colunas: catequese inculturada, catequese de adultos, leitura da realidade e formação de catequistas, especialmente bíblica.[19]
1994 – 6º ENC: catequese para um mundo em mudança: a bíblia diante dos novos desafios; catequese e cultura urbana: alteridade, diálogo e identidade.[20]
1997 – 7o ENC: a catequese rumo ao novo milênio: o hoje de Deus em nosso chão; espiritualidade do catequista, busca do sagrado, Bíblia e catequese, bases para o diálogo, afetividade e catequese.[21]
Como podemos constatar, além dos temas da inculturação, Bíblia e formação de catequistas, a atenção ao mundo dos adultos esteve sempre presente nestes encontros nacionais. Conforme o símbolo da casa da catequese, usado a partir de 1991, a catequese de adultos é considerada um dos pensamentos dominantes na reflexão catequética brasileira. Isto fez com que ela fosse escolhida não como tema de um encontro nacional, mas de uma semana brasileira de catequese. Essa modalidade de reunião corresponde ao que tradicionalmente se chama de congresso, jornada ou grande assembléia, pois o número de participantes é muito maior (todas dioceses são representadas), como também a preparação e a dinâmica são muito mais cuidadas.
A primeira semana de catequese havia sido celebrada em 1986. Passados quinze anos, e dentro das iniciativas para o novo milênio, tão incentivado pelo papa e pela CNBB, e principalmente por causa da importância do tema, decidiu-se fazer uma segunda semana cujo foco central e único fosse a catequese com adultos.

II – 2ª Semana Brasileira de Catequese: a opção pela catequese com adultos

5. Catequese de adultos ou com adultos?
A decisão de celebrar uma 2a SBC foi tomada pela Dimensão Bíblico-Catequética ou Linha 3 da CNBB, com grande participação do Grecat e dos coordenadores regionais, em suas respectivas reuniões.[22]. Uma das opções feitas, foi adotar a expressão catequese com adultos e não de ou para adultos. É uma tendência em muitas partes da Igreja: quer traduzir o especial protagonismo dos catequizandos nesse tipo de catequese. Conforme o DGC  “no processo de catequese, o destinatário deve poder manifestar-se sujeito ativo, consciente e co-responsável, e não puro receptor silencioso e passivo” (n. 167). Por isso, o mesmo nome de “destinatário” seria um tanto impróprio. Sobretudo os adultos passam a ser interlocutores, mais do que destinatários (cf. CA 150). Daí se justificar a mudança de expressão, preferindo-se a forma catequese com adultos.
Foram produzidos dois subsídios[23] como preparação para esse grande evento: um instrumento de trabalho e um texto-base. Os dois trazem o mesmo título, que por sua vez é o tema da mesma Assembléia: “Com adultos, catequese adulta”.[24] Esse enunciado, quer significar em primeiro lugar o protagonismo e o grande respeito para com o adulto. Significa também que o processo catequético com adultos necessita de maturidade, de estar à altura dos interlocutores. Fazer catequese com adultos não é uma simples transposição de conteúdos e metodologia usados no mundo infantil para o mundo dos adultos. Trata-se de um processo que leve em consideração a condição de adultos responsáveis e de sua capacidade de conduzi-los a uma fé adulta, superando o infantilismo crônico que por vezes domina nossos cristãos.
O lema da 2a SBC, adaptado de Ef 4, 13, também vai nesse sentido: “crescer rumo à maturidade em Cristo”. A catequese com adultos tem a utopia de realizar plenamente um dos grandes objetivos da educação da fé: acompanhar os cristãos na busca da própria maturidade em Cristo. Esse lema “relembra que a vida cristã é um constante mergulho nas profundidades do Mistério de Cristo. Com a força do Espírito crescemos rumo à maturidade em Cristo”.[25]
6. O Instrumento de Trabalho
O primeiro subsídio, Instrumento de Trabalho, foi direcionado especialmente para os catequistas de base.[26] São seis pequenos capítulos mostrando os momentos mais importantes da caminhada histórica recente da catequese no Brasil, a prioridade dos adultos na catequese, a importância da iluminação bíblica (é a parte maior do texto), os questionamentos dos adultos a partir da realidade em que vivem, esclarecimento de conceitos (evangelização, catequese, iniciação, catecumenato, formação permanente etc.) e, finalmente, algumas pistas de ação para uma catequese adulta. Também são apresentadas perguntas que facilitam a discussão e reflexão em grupos, e uma pequena bibliografia.
Desse pequeno e prático Instrumento de Trabalho podemos citar a formulação tanto do objetivo geral como dos objetivos específicos da 2a SBC. O objetivo geral está assim formulado: “buscar caminhos para uma catequese e formação permanentes de adultos que os ajudem a viver o compromisso com Jesus e a sua proposta, numa Igreja em comunhão e participação”.
Note-se que se fala de catequese e formação permanente de adultos, distinção que será mais aprofundada no texto-base. A pretensão catequética é ajudar a viver o compromisso com Jesus: a catequese não se sobrepõe ao trabalho e caminhada pessoal do adulto, mas quer ser uma ajuda nessa busca. Também se indica claramente a dimensão cristocêntrica da catequese, cuja importância é tão acentuada em todos os documentos. Finalmente se releva o clima comunitário e propriamente eclesial que manifesta a condição adulta da Igreja. De uma Igreja adulta depende, em grande parte, como veremos, a possibilidade de se ter uma catequese verdadeiramente adulta.
Quanto aos objetivos específicos da 2a SBC, são assim indicados: 1. conhecer melhor a situação cultural e religiosa hoje; 2. analisar a realidade da catequese com adultos hoje na Igreja no Brasil através de pesquisa; 3. apontar pistas para o diálogo construtivo num mundo pluralista; 4. refletir sobre uma espiritualidade e uma leitura bíblica que falem ao adulto de hoje; 5. avaliar e celebrar a caminhada feita a partir de Catequese Renovada; 6. envolver no processo os agentes pastorais que desenvolvem atividades com forte dimensão catequética, além daqueles que habitualmente já são chamados de catequistas.
Nesses objetivos específicos estão indicadas algumas dimensões desejadas e propagadas pela catequética moderna, principalmente com relação aos adultos, tais como: a interação entre fé e vida, o respeito e o diálogo diante do atual pluralismo cultural e religioso, a sede de espiritualidade, a centralidade da Palavra de Deus, a dimensão catequética de outras pastorais e a necessidade de uma pastoral orgânica.
7. O Texto-Base sobre catequese com adultos
            Objeto de maior atenção no processo de sua redação, quer pela sua natureza, quer pela complexidade dos temas tratados, foi o texto-base. Seu título é o mesmo da 2a SBC e do Instrumento de Trabalho: Com adultos, catequese adulta: crescer rumo à maturidade em Cristo[27] (CA). Trata-se de um texto de caráter oficioso, uma vez que foi publicado na coleção verde, a série de estudos da CNBB, diferente dos documentos (coleção azul) de caráter oficial.
            Como se lê na Apresentação (p. 10) “esta obra foi construída em mutirão sob a coordenação da Dimensão Bíblico-Catequética e do Grupo de Reflexão Catequética (Grecat)”. Percorreu um longo caminho redacional desde o primeiro esboço até o texto final, através de 13 redações, fruto de muitos debates e pesquisas.[28] Seus principais destinatários são as “coordenações regionais e diocesanas de catequese, agentes de pastoral, padres, religiosos (as), seminaristas maiores”.[29] A linguagem usada nesse texto-base, diferentemente do Instrumento de Trabalho, tem em consideração esses destinatários, com um estilo forçosamente mais erudito.
            O novo estudo sobre a catequese com adultos está estruturado em cinco capítulos, de dimensões diversas: I – A desafiadora e estimulante realidade do Brasil hoje; II – Educação cristã de adultos à luz das escrituras (o menor em número de páginas); III – Educação cristã à luz da eclesiologia, IV – Evangelização, catequese e formação permanente de adultos; V – A caminho de uma catequese com adultos (o maior em número de páginas). Uma apresentação e conclusão completam a obra.
            Seguindo essa estrutura do texto, podemos relevar alguns aspectos mais significativos.

a) O hoje de Deus em nosso chão

            Pisar no próprio chão, evangelizar e catequizar a partir da própria realidade, imitar a pedagogia divina que se revelou bem por dentro da história humana, ou simplesmente,  atuar o princípio da interação entre fé e vida é o ideal da renovação catequética (cf. CR 112-113, 29, 283). Se tal princípio é norteador de qualquer tipo de catequese, o é de um modo especial em se tratando de adultos.
            A catequese será verdadeiramente adulta se o crescimento na fé dos adultos acompanhar sua inserção e atuação dentro da sociedade. A fé, então, será não só a luz para entender a própria realidade pessoal e social, mas também uma força para tentar transformá-la à luz do Evangelho. O texto acena a “alguns aspectos da realidade brasileira, na qual os fiéis, em sua caminhada rumo à maturidade em Cristo, são chamados a viver o testemunho da fé e a missão evangelizadora” (CA 2)
            Nesse capítulo, após constatações positivas sobre o mundo atual (cf. CA 3), apresentam-se resumidamente alguns desafios, que devem ser completados pelos que trabalham na catequese com adultos em seus próprios contextos. São submetidos a uma análise em vista da catequese, os seguintes temas: 1. o sistema socioeconômico vigente; 2. os padrões culturais difundidos pela globalização; 3. o mundo da comunicação; 4. a crise ética e moral; 5. o retorno ao sagrado; 6. o pluralismo religioso; 7. a questão do meio ambiente; 8. as buscas das pessoas hoje (busca do sentido da vida, defesa dos direitos humanos, compromisso com a justiça social e a ecologia...); 9. a autonomia e ânsia de liberdade e participação; 10. a questão do gênero e 11. o pobre e as minorias étnicas e culturais como agente de transformação (cf. CA 4-45).
            O pano de fundo da catequese com adultos deve ser sempre “um olhar evangélico, crítico, mas cheio de misericórdia, solidariedade e esperança sobre nosso povo sofrido, que clama por libertação” (CA 45). Este primeiro capítulo, com tal conclusão, afirma claramente as opções teológico-pastorais da catequese no Brasil, colocando em prática aquilo que desde a Gaudium et Spes vem se refletindo em termos de viver a fé em profundo diálogo transformador com o mundo de hoje.

b) A iluminação bíblica

            A Bíblia é o texto por excelência da catequese: esse é um dos princípios fundamentais da catequese renovada (cf. CR 154-156). Portanto, ao se falar de catequese com adultos, não poderia faltar um capítulo sobre a Palavra de Deus escrita. Trata-se de um pequeno capítulo (apenas 9 páginas), mas muito precioso. O título não fala de “catequese com adultos”, ms de “educação cristã de adultos à luz das escrituras”, ampliando mais a abordagem.
            Além de partir da afirmação que “a Bíblia é um conjunto de textos escritos por adultos e para adultos” (CA 48) e que “as crianças aprendem dos adultos” (CA 49-51), são analisados duas passagens do Antigo Testamento (Dt 6,4-9 e 26,5ss) mostrando como a educação da fé dos adultos era feita principalmente através de orações e da memória histórica: estas dimensões criam laços emocionais e significativos na vida dos adultos.
            Seguem-se alguns critérios para uma leitura adulta da Bíblia. Tanto o conteúdo do profetismo como da literatura sapiencial, fazem parte da formação dos adultos: sua leitura exige equilíbrio e amadurecimento, que nem sempre se encontram em adultos, menos ainda em jovens e crianças. Daí a exigência de uma hermenêutica atualizada para que não haja choques com a mentalidade de hoje (cf. CA 53). Por outro lado, a liberdade de pensamento e a responsabilidade dos adultos, tão prezadas hoje, são também contempladas no conjunto dos textos bíblicos: “livros como Jó, Jonas e Eclesiastes mostram que era possível discordar da teoria vigente, questionar, propor novos desafios, a partir da provocação dos fatos que cada um vivencia; são livros que respeitam muito a liberdade de pensamento de adultos sérios, que querem entender melhor a vida e o seu relacionamento com Deus” (CA 54).
            O Novo Testamento mostra a formação de adultos nas comunidades. O aprendizado da unidade na diversidade, a busca de orientações diante dos novos fatos e problemas e a superação de conflitos internos e externos da comunidade, como também o esforço por vencer as dificuldades próprias da evangelização, exigiam grande maturidade dos cristãos da época apostólica. “O Apocalipse mostra que grau de consciência política podiam alcançar cristãos maduros na fé, no final do primeiro século” (CA 56).
            Um último ponto abordado nessa breve iluminação bíblica, é a pedagogia de Jesus com os adultos. Contrariamente à nossa tradicional prática catequética, Jesus abençoava as crianças, mas chamava e instruía os adultos, suscitando neles o compromisso com a justiça do Reino e a vontade do Pai (cf. CA 57). Ele vai ao encontro das pessoas onde elas estão, ouve-as, é sensível às suas angústias, permite e estimula a experiência do encontro com Ele: os milagres que realiza  são sinais da nova humanidade que quer criar (cf. CA 58-60).
Dentre os textos particularmente inspiradores, são analisados três: o diálogo de Jesus com os discípulos de João que o procuram (Jo 1,35-41), a cura do cego de nascença (9,1-41) e o encontro com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Nesses episódios (cf. CA 61-64) encontramos as atitudes pedagógicas com os adultos. Por fim se acentua um traço importante da missão de Jesus: sua coerência e testemunho, pois “catequizar adultos é dar testemunho de um modo de viver capaz de restaurar esperanças e fornecer um projeto empolgante de fraternidade” (CA 65).

c) Catequese adulta numa Igreja adulta

            Está mais do que claro para o pensamento catequético moderno, que a educação da fé depende, em grande parte, do modelo de Igreja subjacente a ela. De acordo com Emílio Alberich,
“há uma estreita relação entre catequese e eclesiologia. Toda visão eclesiológica é portadora de uma certa concepção de catequese e toda catequese está sempre em função de uma determinada concepção de Igreja. Pergunta-se: que tipo de Igreja hoje promove a catequese de adultos? Que projeto de Igreja o processo catequético de adultos tem em mente?”.[30]
A consciência dessa relação profunda entre catequese e projeto eclesial está por trás do terceiro capítulo (também pequeno: 13 páginas). Na catequese com adultos é indispensável o apoio de uma comunidade eclesial fiel às suas raízes no Novo Testamento. Do contrário, gera-se a crise de chegada: cristãos adultos são seduzidos pelo Projeto do Reino, mas não se sentem à vontade nas comunidades concretas, por falta de maturidade ou por um infantilismo crônico das mesmas (cf. CA 66).
A comunidade eclesial dos primeiros tempos serve de parâmetro para nossas comunidades. O evangelho de Marcos apresenta algumas características: a liberdade de Jesus em chamar os que ele quer e a liberdade dos que o seguem, sua constituição em comunidade e o mandato missionário (Mc 3,13-15). É uma comunidade de vida e missão em que Jesus desenvolve uma pedagogia que articula convivência, oração, ensinamento mais aprofundado, atribuição de tarefas e partilha de responsabilidades, organização interna, avaliação, experiência de pertença à comunidade através da experiência do batismo em nome de Jesus, do dom do Espírito Santo, pela celebração da Ceia do Senhor, pela oração em comum, pela comunidade de amor e serviço (cf. CA 66-69).
            O texto remete ao estudo de Atos dos Apóstolos muito presente no Projeto Ser Igreja no Novo Milênio, relevando sobretudo na Igreja primitiva a abertura ao diferente, a leitura dos sinais dos tempos e a superação dos inevitáveis conflitos. É uma Igreja perseverante no ensino dos apóstolos, de comunhão, participação e solidariedade, ministerial, espiritual e mística, missionária e capaz de construir a unidade na diversidade: é para nós hoje inspiração (cf. CA 70-71).
            Maior espaço é dedicado à eclesiologia do Vaticano II, que “vem ao encontro das expectativas dos adultos de hoje: eles querem fazer a Igreja e não simplesmente recebê-la, querem ser membros ativos com vez e voz, e não passivos na comunidade de fé” (CA 72). A categoria bíblica de comunhão, cujo fundamento último é a comunidade que nasce da Trindade,[31] é enriquecida na América Latina por outras não menos bíblicas: libertação, participação, inculturação; é uma compreensão encarnada e solidária com o mundo de hoje (cf. CA 73). Porém, o acento maior é colocado no profetismo da Igreja, “diante de nossa realidade sociocultural marcada pela miséria, que clama aos céus”: é uma Igreja que anunciando a boa nova denuncia o pecado e suas conseqüências em todos os níveis e indica o caminho da conversão para o Reino. Fazendo-se uma “Igreja dos pobres [...], passa a ter uma visão mais clara e mais profunda de sua origem e natureza, do seu lugar e de sua missão no mundo. A partir deste evento, as CEBs, um meio de organizar a Igreja sobretudo nos meios pobres, se fortaleceram e definiram melhor sua identidade” (CA 74).
            O texto procura “traçar algumas provocações de uma eclesiologia mais prática do que teórica, levantando questões relevantes para uma catequese com adultos, mais fiel ao projeto de Deus e mais consciente das indagações desses adultos” (CA 76). Essa eclesiologia prática é delineada ao responder a pergunta: “que Igreja queremos?”. Descreve-se, então “os rostos da Igreja que queremos ressaltar”. Basicamente são seis grandes traços:
1. Uma Igreja ministerial: superação do clericalismo, em direção de uma distribuição melhor de tarefas ministeriais na Igreja, valorizando o sacerdócio comum e os sacramentos do batismo e crisma. À catequese “cabe a tarefa de formar leigos e leigas mais preparados para a missão que lhes cabe” (CA 78).
2. Uma Igreja participativa: reflexo de sua vocação trinitária e aspiração do homem e da mulher de hoje. Isso significa fazer valer os conselhos de pastoral, ouvir os que não participam e os que estão em situação considerada irregular (CA 79).
3. Uma Igreja ecumênica que cultive a mística da unidade, pratique a união interna (entre movimentos, comunidades e pastorais) e, ao mesmo tempo, apresente e defenda a própria identidade, esteja também aberta para reconhecer os valores em outras Igrejas e religiões (CA 80).
4. Uma Igreja missionária: apresenta uma concepção de missão muito ligada ao serviço (diakonia) e diálogo: “ser missionário, entre outras coisas, é saber lidar com discernimento, de forma acolhedora e respeitosa, com o outro, o diferente... uma boa catequese com adultos prepara pessoas para a ação no mundo, capazes de dialogar, de perceber valores evangélicos também fora da Igreja, que saibam ser gente de Igreja no coração do mundo e gente do mundo no coração da Igreja” (CA 81).
5. Uma Igreja espiritual e mística: que se deixa guiar pelo Espírito, contemplativa, orante, atenta à Palavra de Deus e que saiba celebrar a liturgia, principalmente a Eucaristia, de um modo vivo, ministerial, encarnado e inculturado, favorecendo o silêncio interior e o compromisso comunitário (CA 82).
6. Uma Igreja solidária: fiel à proposta e à prática de Jesus que pregou o Reino e a vida para todos, “uma Igreja samaritana, esperança para os caídos na estrada [...] A catequese com adultos é espaço importante de educação para a colaboração solidária com os que sofrem pessoal e socialmente” (CA 83).
            O capítulo eclesiológico termina com um questionamento sobre metodologia: os métodos de planejamento precisam de revisão e há necessidade de criar outras formas diferenciadas de ser presença no meio do povo, não para aumentar as estatísticas, mas por fidelidade à missão. Questiona-se a religião funcionalista ou de resultados (busca-se o milagre de Deus e não o Deus dos milagres). É preciso superar tal infantilismo religioso com uma catequese que eduque para esse modelo de Igreja (n. 84).[32]

d) Catequese com adultos: distinção e aproximação de conceitos

A intenção deste quarto capítulo é situar a catequese, e particularmente a catequese com adultos, dentro da ação evangelizadora da Igreja hoje, nas trilhas daquilo que propõe o DGC (34-59). Além do mais, procura esclarecer a tarefa específica da catequese como iniciação, distinta da formação permanente que acompanha o cristão durante toda a vida. São apresentadas as tarefas e conteúdo de ambas as atividades. Outros assuntos são considerados, como a questão do catecumenato [33]. Esse texto afirma que um maior esclarecimento de conceitos, pode levar a uma sadia e eficaz ação catequética (cf. CA 88). O quarto capítulo junto com o quinto ocupam mais da metade do espaço do texto, pela extensão de suas colocações.
Tendo de ilustrar o sentido da catequese com adultos, o texto assume a distinção feita após a Evangelii Nuntiandi entre evangelização em sentido amplo (tudo o que a Igreja realiza), e em sentido estrito (primeiro anúncio ou ação missionária). Também assume e dá destaque ao n. 49 do DGC onde o processo evangelizador (sentido amplo de evangelização) aparece estruturado em três etapas ou momentos essenciais: ação missionária (primeiro anúncio ou anúncio querigmático), ação catequética (iniciação à fé, aprofundamento da conversão) e ação pastoral (tudo o que não é ação missionária e catequética, e que a Igreja faz para alimentar e desenvolver a vida cristã).
Nesse esquema, a catequese aparece como uma das três grandes tarefas da Igreja no mundo. Falando de outra maneira: a Igreja tem apenas três grandes frentes de trabalho para realizar: uma delas é a catequese! Portanto é uma supervalorização desta atividade eclesial, infelizmente relegada às vezes a um simples aprendizado da religião dirigido a crianças... É preciso recuperar seu sentido legítimo e mais profundo.
            A questão central, então, é considerar a catequese no contexto maior do processo evangelizador. Num mundo onde a maioria se considera cristã, acontecem dois fenômenos: o anúncio evangélico, entendido como proclamação da boa nova da salvação em Cristo, é considerada desnecessária, pois todos já conhecem Jesus Cristo. Ora, nossa realidade não é bem esta. Muitos possuem uma tintura de cristianismo ou, na verdade, nem são evangelizados. Por outro lado, a catequese é considerada como atividade direcionada ao mundo infantil, que, por estar em crescimento, necessita aprender a religião. É outro equívoco: são justamente os adultos, por estarem privados de uma verdadeira iniciação ao cristianismo, que necessitam de catequese.
            Daí a necessidade de se compreender bem esses conceitos: evangelização, catequese como iniciação, formação permanente ou continuada.
            A evangelização, tomada em seu sentido de primeiro anúncio ou ação missionária, está no coração da Igreja. Trata-se de levar as pessoas não evangelizadas a terem um contato vivo com Jesus Cristo, de modo a provocar um primeiro movimento de conversão. E há também o caso de adultos que já foram evangelizados, ou receberam uma insuficiente catequese, e que estão necessitando da graça da descoberta do evangelho (CA 95-97).
            A catequese, sendo um segundo passo, tem como finalidade o aprofundamento da mensagem evangélica dentro da comunidade cristã. O que aparece como elemento específico nessa concepção de catequese, é apresentá-la como um processo de iniciação. Este conceito carece de uma base antropológica, pois a nossa sociedade há tempo abandonou a prática da iniciação. Mas isso não é motivo para renunciar o uso desse conceito, pois, sendo o cristianismo uma religião iniciática, desde suas origens, sem um autêntico processo de iniciação, torna-se difícil compreender a tarefa da catequese.
            O texto ilustra o sentido de iniciação, procurando tirar da catequese aquela superficialidade que tanto caracteriza muitas atividades chamadas de catequese, mas que no fundo são cursinhos em vista da recepção formal dos sacramentos, ou que dão apenas uma tintura de cristianismo. Uma simples mudança de nomenclatura, por certo, não irá mudar a realidade, mas pode ajudar a buscar novos caminhos e melhores resultados.
O conceito de iniciação carrega em si um processo vital de compreensão e acolhimento do mistério de Jesus Cristo, de conversão e mudança de vida à luz do Evangelho, de participação e caminhada na comunidade cristã. Diferentemente da catequese concebida como ensino, o conceito de iniciação acentua sobretudo o valor e a necessidade da experiência na educação da fé. Esse processo recebeu, na tradição cristã, o nome de catecumenato e marcou a catequese no início do cristianismo.[34] Instituído historicamente para os adultos, hoje ao retomar o discurso da catequese com adultos, propõe-se recuperar esta dimensão catecumenal da catequese, de modo especial para eles (cf. CA 109-111).
            É interessante notar que o documento CR, sobretudo em sua quarta parte, descreve um processo de crescimento na fé intimamente ligado à caminhada da comunidade cristã, que muito se parece com aquilo que a tradição chama de catecumenato. É uma educação da fé profundamente experiencial, tanto no nível pessoal como no âmbito social. Portanto, aquela inculturação do catecumenato em nossa realidade, e não sua simples reprodução, que tanto pedem o DGC e o CA,[35] já foi e está sendo vivida, de certa maneira, em nossas comunidades eclesiais, tal qual se descreve na quarta parte de CR.
            Já a formação permanente ou continuada, como muitos preferem chamar (e que faz parte da ação pastoral, acima referida),  é uma tarefa que vem acompanhar o cristão ao longo de sua vida, após um bom processo de iniciação. Se o ministério da catequese é confiado aos catequistas, a formação continuada na fé é tarefa de toda a Igreja, que, para tanto, possui recursos e estruturas muito ricas e diversificadas. A tarefa dos catequistas é essencialmente de iniciação à fé (com toda a profundidade que esse conceito carrega), ao passo que a formação ou educação permanente não lhes compete em primeiro lugar: é tarefa da Igreja inteira. É verdade que tanto o DGC como o CA usam a terminologia catequese permanente, também por já estar incorporada à nossa recente tradição, o que é legítimo, contanto que não subtraia à catequese sua tarefa primeira e fundamental de ser iniciação à fé e à vida eclesial. Assim, a catequese fica com seu espaço bem delimitado e claro, evitando-se o perigo de sobrecarregá-la e de perder a própria identidade (cf. CA 119).
            Os limites entre estes conceitos (evangelização, catequese e formação permanente) são muito subtis e na prática muitas vezes eles andam juntos. Tanto é assim, que a convocação para uma semana sobre catequese com adultos se dirige também a muitos agentes de outras pastorais que trabalham com adultos e que possuem íntima ligação com a catequese. Tal distinção é útil para, de um lado reforçar e acentuar mais nos catequistas sua vocação e responsabilidade de colocar os fundamentos da personalidade cristã, fazendo um verdadeiro trabalho de iniciação e, por outro, chamar a atenção de toda a Igreja para o trabalho de formação continuada, que prossegue aquilo que a catequese tentou construir. É uma distinção também útil para ver a íntima ligação da catequese com o seu antes (a evangelização) e o seu depois (a formação permanente). Nesse sentido, quantas vezes o catequista deverá, em primeiro lugar, fazer um trabalho de autêntica evangelização, para só depois, começar o trabalho verdadeiramente catequético!
            O capítulo IV termina propondo o resgate da dimensão catecumenal em todo tipo de catequese e do próprio catecumenato, particularmente em se tratando de adultos. Além do mais apresenta algumas características básicas de uma catequese catecumenal. Entre elas se destacam o acompanhamento pessoal, o caráter gradual, a forte dimensão litúrgica (orações, celebrações, ritos, símbolos e sinais) com especial ênfase para o mistério pascal, e a participação na comunidade (cf. CA 122-124).

e) A caminho de uma catequese com adultos

            O quinto capítulo deveria, como o mesmo título diz, estar voltado para a ação concreta da catequese com adultos. Contudo, ainda volta a algumas questões mais gerais e por isso mesmo é a parte mais longa do documento (40 páginas).
            Primeiramente mostra o pêndulo da história da catequese: nos primórdios da Igreja seus interlocutores eram apenas adultos. Depois a catequese passou a se ocupar sobretudo de crianças e adolescentes. Finalmente, nos nossos dias está tentando voltar ao que era no início. Não se trata apenas de um percurso histórico. Afirma-se, por exemplo que “a catequese de crianças deve ser infantil (em relação à linguagem e interesses dessa faixa etária), mas não infantilizante, boba, de baixa qualidade teológica...” (CA 129). Com relação à catequese com adultos diz: “Este parece ser o novo paradigma da catequese após séculos de atenção quase que exclusiva às crianças e adolescentes. Esse paradigma novo supõe mudança de mentalidade, a começar dos pastores, mas também dos catequistas e de toda a comunidade. É óbvio que não se abandonará as crianças e jovens, mas a prioridade passa a ser a catequese com adultos” (cf. CA 135).
            Em segundo lugar se apresenta uma visão da situação atual dos adultos com relação à fé, com suas características gerais (destaque para a análise da religiosidade dos adultos e suas causas), mostra-se a influência do subjetivismo e a necessidade de se ir criticamente ao encontro dessa tendência de hoje; isso gera o pluralismo e com ele a grande necessidade do diálogo.
            Um terceiro item é dedicado à tipologia da religiosidade dos adultos conforme as Diretrizes gerais da ação evangelizadora. São apontadas cinco categorias: pessoas que vivem num contexto de pobreza e injustiça social, com forte tendência para a religiosidade popular; grupos de fundo cristão-católico estático e fixista; ampla faixa de profunda religiosidade católico-popular; grupos de inspiração claramente não-religiosa, em geral dos meios artísticos ou de comunicação, moda e publicidade; grupos de cristãos esclarecidos nas camadas populares e classe média, mas que nem sempre conseguem integrar a fé com a promoção da justiça. A esses se acrescenta um sexto grupo de cristãos adultos conscientes, maduros, mas com grande dificuldade de aceitar algumas posturas da Igreja.
            Baseando-se nos modelos teóricos de James Fowler e Fritz Oser são apresentadas as três etapas mais importantes da fé no desenvolvimento religioso das pessoas, do ponto de vista psicológico: a etapa da juventude, da maturidade e da velhice. “São tentativas de explicar o desenvolvimento das capacidades com que as pessoas elaboram as relações consigo mesmas, como os outros, com a natureza e com Deus” (CA 145).
            O item seguinte se dedica à “atenção específica ao catequizando adulto como sujeito”. Esse título já esclarece seu conteúdo: fala das exigências de uma catequese adulta, afirmando a necessidade de uma nova pedagogia de adultos, pois não se trata de transferir para eles a metodologia, nem mesmo o know-how catequético do mundo infantil. Mais do que em outro tipo de catequese, os adultos são interlocutores; supõe “que se leve seriamente em consideração as experiências vividas e os condicionamentos e desafios que eles encontram na vida: sua situação de adultos, como homens e mulheres, seus recursos espirituais e culturais, em pleno respeito pelas diferenças” (CA 152; cf. 164). Deve-se levar em conta também sua condição de leigos adultos, aos quais o batismo confere a possibilidade de procurar o Reino de Deus, exercendo funções temporais. É ainda importante partir da própria situação religiosa em que se encontram, para um progressivo caminho de fé. Conclui dizendo que mesmo a catequese com crianças e jovens deve estar orientada para a vida cristã em plenitude, para a vida adulta em Cristo (CA 155-156).
            Após retomar a questão de uma Igreja adulta, são indicadas pistas metodológicas, sintetizadas inicialmente em três verbos: educar, ensinar e iniciar, acentuando neste último “o caminho experiencial”. Apresenta quatro fatores que precisam estar bem articulados na catequese com adultos: a palavra, a relação, a ação e a celebração.  Quanto ao método, insiste-se mais uma vez na necessidade de “partir do que se vive, referir-se a esta experiência para se fazer o caminho” (164; cf 152).
Os objetivos e tarefas da catequese com adultos são assim enumeradas: 1. promover a formação e o amadurecimento da vida no Espírito de Cristo ressuscitado; 2. educar para a  justa avaliação das transformações socioculturais na nossa sociedade à luz da fé; 3. esclarecer as atuais questões religiosas e morais;  4. esclarecer as relações existentes entre a ação no mundo e a vida interna da Igreja (ensino social da Igreja); 5. desenvolver os fundamentos racionais da fé; 6. educar para o diálogo fraterno e respeitoso; 7. formar para assumir responsabilidades na missão da Igreja e para saber dar um testemunho cristão na sociedade.
Após relacionar algumas formas de catequese indicadas pelo DGC e duas listas de formas mais desenvolvidas no Brasil (cf. CA 170 e 172), há um apelo “no sentido de organizar a catequese sistemática, orgânica e permanente que toda comunidade deveria ter o direito de receber” (CA 171).
Ao tratar da formação de catequistas, entre outras coisas afirma-se que “o catequista de adultos precisa se esforçar por adquirir a capacidade de uma leitura sapiencial da vida em vez de somente explicar fatos. Remete-se às orientações dadas pelos documentos Diretrizes gerais e Missão e ministério dos cristãos leigos e leigas quanto à formação  (CA 179). Algumas características desse catequista: disponibilidade para escutar e dialogar, capacidade de relacionamento, de adaptação às diferentes situações, suficiente maturidade na fé, capacidade de se mostrar membro atuante da Igreja com a qual caminha, competência nos conteúdos e metodologia da catequese com adultos (CA 177).
Conclusão
A publicação desse Texto-Base não é somente em vista da realização da 2a SBC. O texto é uma proposta básica para o encaminhamento dessa prática tão urgente e necessária que é a evangelização, catequese e formação permanente dos adultos. Estamos apenas no início de uma caminhada. Se é verdade que já há muito tempo o magistério da Igreja e a reflexão catequética estão insistindo na volta aos adultos, verdadeiros interlocutores da catequese, a prática ainda tem se mostrado insuficiente diante desse grande desafio. Neste sentido, o Texto-Base apresenta uma série de análises e propostas em vista de uma eficaz educação da fé dos adultos.
Coerente com suas propostas, o texto não é fechado e conclusivo. Pelo contrário, apresenta-se provocativo, bastante aberto às críticas, aos acréscimos, aos possíveis desenvolvimentos e amplificações. Convida a todos a se posicionar diante dele “como sujeito, capaz de contribuir como parceiro, concordando, discordando, acrescentando e somando esforços para enriquecer uma reflexão destinada a aprestar serviço a todos. A participação de todos é fundamental, pois, com mais gente refletindo, escrevendo e expondo idéias sobre o tema, é que o caminho vai se tornando mais claro à medida que caminhamos juntos” (CA 183).
Catequese e adultos, palavras que pareciam tão distantes uma da outra, precisam reencontrar o caminho de uma fecunda aproximação. É um trabalho de toda a Igreja, particularmente daqueles aos quais é confiado o ministério da palavra. Todas as comunidades cristãs, em seus diversos níveis, precisam deixar-se imbuir do zelo e impulso missionários, que se desdobra em atividades de evangelização, catequese e formação continuada dos adultos, como nos inícios da Igreja. Assim, temos esperança de que uma catequese adulta irá gerar também uma Igreja cada vez mais adulta na fé, rumo à maturidade em Cristo.

Padre Luiz Alves de Lima, Salesiano, é membro do Grupo Nacional de Reflexão Catequética da CNBB e do DECAT-CELAM, presidente da Sociedade dos Catequetas Latino-Americanos (SCALA), Diretor acadêmico e Professor de catequética no Instituto Teológico Pio XI de São Paulo e editor da Revista de Catequese da Editora Salesiana.


¯ Neste estudo usaremos as seguintes siglas: 2a SBC = 2a Semana Brasileira de Catequese (8-12 de outubro de 2001); CA = Com adultos, catequese adulta, Estudos da CNBB 80;  CR = Catequese renovada: orientações e conteúdo, Documentos da CNBB 26; DGC = Diretório geral para a catequese (1997); ENC = Encontro Nacional de Catequese; Grecat = Grupo Nacional de Reflexão Catequética; RdeC = Revista de Catequese (São Paulo), e outras mais conhecidas.
[1] CNBB, Catequese renovada: orientações e conteúdo, Documentos da CNBB 26, Paulinas, 1999,  27ª edição. Embora já com mais de 18 anos, esse documento continua a ser a referência principal na Igreja no Brasil para a catequese. Sinal da vigência e influência  desse documento são suas 27 edições, quase duas por ano, um verdadeiro best seller. Há projetos de revisão do mesmo.
[2] Sob a responsabilidade do Grecat foram publicados: CNBB-LINHA 3, Textos e manuais de catequese: orientações para sua elaboração, análise e avaliação, Estudos da CNBB  53, São Paulo, Paulus, 1987; CNBB-LINHA 3, Formação de catequistas: critérios pastorais, Estudos da CNBB 59, São Paulo, Paulus, 1995, 4ª edição; CNBB-LINHA 3, Orientações para a catequese de crisma, Estudos da CNBB 61, São Paulo, Paulus, 1991; CNBB-LINHA 3, Catequese para um mundo em mudança, Estudos da CNBB 73, São Paulo, Paulus, 1994, 2ª edição. CNBB-LINHA 3, O hoje de Deus em nosso chão - 7º Encontro Nacional de Catequese de 1997, Estudos da CNBB 78, São Paulo, Paulus, 1998.
[3] No Concílio Vaticano II a preocupação pelos adultos aparece ainda tímida, com algumas referências no decreto Christus Dominus (sobre o ministério dos Bispos): “a catequese seja ministrada com diligente cuidado quer às crianças e adolescentes, quer aos jovens e mesmo aos adultos” (CD 14a; cf. GE 1; 9). A atenção aos adultos se mostra principalmente com referência à restauração do catecumenato: “que se restabeleça a instituição dos catecúmenos adultos” (CD 14c; cf. LG 64 e 66). Isso se concretizará, em termos de orientações, na publicação do Rito de iniciação cristã de adultos (São Paulo, Paulinas, 1973). O decreto Apostolicam Actuositatem afirma: “cada qual deve preparar-se ativamente para o apostolado, coisa que mais se impõe na idade adulta, pois avançando em idade, é que a mente se desabrocha” (AA 30).
[4] Deve-se dizer que na América Latina, particularmente no Brasil já encontramos, no imediato pós-concílio, esforços de reflexão sobre a catequese de adultos. Cf. Celam - Cone Sul, Informe sobre el encuentro de "catequesis de adultos", Montevidéu, julho de 1969: cópia mimeografada in Biblioteca do INP (Brasília) sob o número D 02703,  6 pp.; Secretariado Nacional de Catequese, “Brasil: encuentro nacional de evangeli­zación de adultos” in: Catequesis Latino Americana 3 (1971) pp. 103-105.
[5] Cf. Congregação para o Clero, Diretório geral para a catequese, São Paulo, Loyola-Paulinas 1999, 2a ed.; em castelhano: Diretctorio General para la catequesis, Celam – Paulinas, Santafe de Bogotá, 1998
[6] Sínodo dos Bispos 1977, A catequese no nosso tempo especialmente para as crianças e os jovens: mensagem ao Povo de Deus, Voz do Papa 87, São Paulo, Paulinas, 1977, n. 8.; também in: REB 37 (1977), pp. 767-775 e in: Sedoc 10 (1978), pp. 594-603. João Paulo IIA catequese hoje: exortação apostólica  “Catechesi Tradendae”, A Voz do Papa 93, São Paulo, Paulinas, 1980, nn. 43-44; Conselho Internacional de Catequese, “A catequese de adultos na comunidade cristã”, in: RdeC 14 (1991) n. 53, jan.-março., pp.28-38 e n. 54, abr-jun., pp. 27-39;  Id., “Catequese para viver num mundo pluralista e secularizado”, in: RdeC 15 (1992) n. 59, jul-set., pp. 59-64.
[7] Além do nosso já citado documento CR, cf. também Conferenza episcopale Italiana, Il rinnovamento della catechesi, nn. 124 e 139. Ufficio Catechistico Nazionale, Adulti nella fede testimoni de carità. Orientamenti per la catechesi degli adulti, Torino-Leumann, Elle Di Ci, 1990. Comisión Episcopal de Enseñanza y Catequesis,  La catequesis de la comunidad. Orientaciones pastorales para la catequesis en España, hoy, Madrid, EDICE, 1983, nn. 37-38; Id., Catequesis de adultos. Orientaciones pastorales, Madrid, EDICE 1991. Departamento de catequesis, Consejo episcopal Latino-Americano, La catequesis en América Latina: orientaciones comunes a la luz del Directorio General para la Catequesis, Colección CELAM 153, Santa Fé de Bogotá, 1999.
[8] Episcopado Holandês, O novo catecismo: a fé para adultos [Catecismo Holandês], São Paulo, Herder, 1969, 611 pp. Ver recensão de Boaventura Kloppenburg,  in: REB, 29 (1969), pp. 285-287. Podemos citar também os seguintes catecismos de adultos: Commissione Episcopale per la Dottrina della Fede, la Catechesi e la Cultura, Signore, da chi andremo? Il catechismo degli adulti. Roma, Ed. Confereza Episcopale Italiana, 1981. Les Evéques de Belgique, Livre de la foi, Bruxelles-Tournai, Desclée, 1987. Les Evéques de France, Catécisme pour adultes. L´Alliance de Dieu avec les hommes, Paris, Association Épiscopale Catéchistique, 1991. Conferencia episcopal Española, Esta es nuestra fe. Esta es la fe de la Iglesia (Tercer catecismo de la comunidad cristiana), Madrid, EDICE, 1986. Conferencia Episcopal Ecuatoriana, En camino hacia el Reino de Dios, Quito, 1996, 770 pp. No Brasil encontramos algumas publicações da iniciativa privada, como: Roberto Viola, O livro das surpresas, São Paulo, Editora Salesiana Dom Bosco, 1991. Livro do catequizando (adultos) e do catequista (edição original do Uruguai); Luiz Cecchinato, A quem iremos, Senhor? Explicação do Credo para os adultos, Petrópolis, Vozes,1981, e outros.
[9] Cf. Emílio alberich, Forme e modelli di catechesi con adulti. Elle Di Ci, Torino-Leumann, 1995, pp. 136-140; 156-160; 160 a 166. Formas e modelos de catequese de adultos, Editora Salesiana, São Paulo, 2001. O autor trata dessas três atividades como formas e modelos concretos de catequese de adultos, documentando abundantemente suas afirmações.
[10] CNBB, Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas, Documentos da CNBB 62, São Paulo, Paulinas, 1999.
[11] Cf. Com adultos, catequese adulta. Instrumento de trabalho, Brasília, 2001, p. 25. O Texto-Base trata também tratar dessas formas nos nn. 169-172.
[12] Uma relação cronológica de alguns acontecimentos e documentos mais importantes neste período pode-se encontrar em “A caminhada da catequese de 1980 a 1991”, in: RdeC 15 (1992) n. 57, jan-março, pp. 59-63.
[13] Cf. CNBB – Linha 3, Encontro Nacional de Catequese in Comunicado Mensal (1983) n. 372, pp. 1063-1064. Luiz Alves de Lima, A face brasileira de catequese: um estudo histórico-pastoral do movimento catequético brasileiro... Universidade Pontifícia Salesiana, tese de doutorado n. 346, Roma, 1995,  pp. 378-380. Albano Cavallin, “Encontro Nacional de Catequese (entrevista)”, in: RdeC 7 (1984) n. 25, jan.-março, pp. 43-45.
[14] Alves de Lima Luiz, A face brasileira de catequese, o.c., pp. 381-384.
[15] Cf. Encontro Nacional de Catequese 1985 – Síntese do Relatório in Comunicado Mensal 34 (1985) n. 392, pp. 1055-1058. Carta do Encontro Nacional de Catequese/85, in: Ibid., pp. 1058-1059.
[16] CNBB-Linha 3, Conclusões e desafios da 1a Semana Brasileira de Catequese, edição própria, Brasília, 1986. Cf. também diversos temas, crônicas, documentos, in: RdeC 9 (1986) n. 36, out.-dez., pp. 5-28; e todo o n. 37, jan.-março de 1987, totalmente dedicado a essa 1a Semana.
[17] Cf. “Encontro Nacional de Catequese (1-4 de outubro de 1987) Relatório”, in: RdeC 11 (1988) n. 41, jan.-abril, pp. 38-44. “Carta aos catequistas”,  in:  Ibid., pp. 44-45.
[18] Cf. “Encontro Nacional de Catequese (28/4 a 1º/5 de 1989) Relatório”, in:  RdeC 12 (1989) n. 47, pp. 39-41.
[19] Cf. João Luís G. Fedel, “Crônica do 5º Encontro nacional de catequese: catequizar é fazer as culturas desabrocharem à luz do evangelho”, in: RdeC 15 (1992) n. 57, jan-março, pp. 39-43.
[20] Cf. “VI Encontro Nacional de Catequese: catequese para um mundo em mudança”, in: RdeC 17 (1994) n. 67/68, jul-dez., pp. 5-62 (recolhe crônica, intervenções de vários autores, conclusões).
[21] Em preparação a esse encontro foi publicado um “Instrumento de Trabalho”, in: RdeC 20 (1997) n. 78, abril-jun., pp. 23-37, e um subsídio intitulado: “A espiritualidade do catequista”, in: RdeC 20 (1997) n. 79, jul-set., pp. 41-45. As crônicas, intervenções de vários autores, conclusões e uma Carta aos catequistas deste 7º ENC encontram-se in: RdeC 20 (1997) n. 80, out.-dez.., pp. 5-73.
[22] O atual Grecat, presidido por dom Francisco Javier Hernandez Arnedo, oar, e tendo como coordenadores os dois assessores nacionais,  padre Vilson Dias de Oliveira, dc, e irmã Teresa Nascimento, iic, é composto pelos seguintes membros: irmã Evanda Maria de Jesus, Inês Broshuis, irmão Israel José Nery, fsc, padre José Wilson Andrade, dom Juventino Kestering, Lucimara Trevizan, padre Luiz Alves de Lima, sdb, Mariza Tavares, irmã Marlene Bertoldi, iic, irmã Mary Donzellini, mjc, Therezinha Motta Lima Cruz e padre Wolfgang Gruen, sdb. As discussões e decisões no âmbito do Grecat, sobre a realização e o tema dessa 2a SBC, podem ser encontradas em suas atas ou relatórios in RdeC 21 (1998) n. 81, jan-março, pp. 68-69; n. 82, abril-jun., pp. 67, n. 34; n. 83, jul-set., pp. 58-59, nn. 13 e 15; n. 84,  out-dez., pp. 63-64, nn.15 a 24). Quanto às discussões em âmbito de coordenadores regionais cf. RdeC n. 86, pp. 63-67; n. 88, pp. 60-62; n. 93, pp. 65-67.
[23] Na verdade para a 2a SBC foram confeccionadas outras pequenas peças ou instrumentos, como: 1. carta do encarregado nacional da catequese (dom Francisco Javier Hernandez Arnedo) ao episcopado brasileiro tratando das motivações, objetivos e preparação da 2a SBC; 2. celebrações para o dia do catequista de 2000 e 2001, preparadas pela dimensão bíblico-catequética; 3. cartas da mesma dimensão bíblico-catequética a todos os catequistas convocando e orientando sobre a 2a SBC (cf. RdeC  23 [2000] n. 90, abr-jun., pp. 66-67; n. 91, pp. 72-76);  4. Pesquisa, coleta de dados e tabulação sobre a realidade da catequese com adultos no Brasil ; 5. confecção e divulgação do cartaz e de um folder de grande divulgação da 2a SBC (200.000 exemplares); 6. concurso entre catequistas para a letra e música do hino da 2a SBC.
[24] As expressões “Igreja adulta”, “fé adulta”, “catequese adulta” ou  “catequese com adultos” já são usadas na Europa desde o fim da década de oitenta e mais ainda nos anos 90. Cf. por exemplo: Emílio alberich, “Catechesi  ‘adulta’ en una ‘Chiesa adulta’”, in: Orientamenti Pedagogici 38 (1991) 6, pp. 1367-1384; AA.VV., “Catechesi adulta per cristiani adulti”, in: Via Verità e Vita 40 (1991) n. 133. E. Alberich publicou sua obra em italiano (1995) e em castelhano (1996) com o título Formas e modelos de catequese com adultos (em breve será publicada em português).
[25] Francisco Javier Hernandez Arnedo, “Mensagem de abertura à 2a SBC”, in: Com adultos, catequese adulta: Instrumento de Trabalho, Brasília, 2000, p. 4.
[26] É um folheto de 32 páginas, bastante ágil, em estilo popular, com figuras e bem diagramado. Produzido pelo Grecat, começou a ser elaborado em agosto de 1999, sendo publicado em junho de 2000. Em sua redação tiveram especial participação: irmã Mary Donzellini, mjc, Inês Broshuis, padre Luiz Alves de Lima, Therezinha Motta Lima Cruz, irmã Teresa Nascimento. O Centro Catequético Diocesano de Osasco (SP) se encarregou da editoração e distribuição do texto. Foram comercializados 110.000 exemplares, número que expressa sua larga difusão entre os catequistas.
[27] CNBB, Com adultos, catequese adulta: crescer rumo à maturidade em Cristo,  Estudos da CNBB 80, São Paulo, Paulus, 2001, 128 pp.
[28] Os três seminários sobre itinerário da fé e iniciação dos adultos à fé cristã, realizados em 1997, 1998 e 1999 estão na origem desse estudo: cf. RdeC 21 (1998) n. 81, jan-março, pp. 68-69; RdeC 21 (1998) n. 82, p. 67, n. 34; RdeC 21 (1998) n. 83, pp. 58-59, nn.13 e 15; RdeC 21 (1998) n. 84, pp. 63-64, nn. 15 a 24.  Padre Luiz Alves de Lima redigiu os primeiros esboços do Texto-Base no segundo semestre de 1999: cf. RdeC  22 (1999) abril-jun., n. 86, pp. 57-58, nn. 4 e 7a.; RdeC n. 87, pp. 57-58. Esses textos foram discutidos, corrigidos, emendados e aumentados, não somente no interior do Grecat, mas também nas discussões dos coordenadores nacionais: cf. RdeC 22 (1999) n. 88, out.-dez., pp. 60-61 e pp. 62 n. 12b; RdeC n. 91, pp.70-71). No início do ano 2000 o texto provisório possuía somente dois capítulos (os atuais quarto e quinto. A partir da 6a redação (junho de 2000) acrescentam-se mais dois capítulos: um sobre a desafiadora realidade de hoje (atual I cap.) e educação dos adultos à luz da Bíblia (atual II cap.).  Logo em seguida acrescenta-se o capítulo sobre a eclesiologia (atual III cap.). Além deste autor, colaboraram mais de perto na confecção desse texto: dom Francisco Javier Hernandez Arnedo, oar; irmã Teresa Nascimento, iic; padre Vilson Dias de Oliveira, dc; Therezinha Motta Lima da Cruz;  irmão Israel José Nery, fsc; irmã Marlene Bertoldi, iic; padre Wolfgang Gruen, sdb; irmã Mary Donzellini; padre Vitor G. Feller; padre Alberto Antoniazzi; dom Geraldo Lyrio e padre Dimas Lara Barbosa.
[29] Cf. CNBB, “Carta aberta aos catequistas”, in:  RdeC 23 (2000) n. 91, jul-set., p. 74, n. 5.1.
[30] Emílio Alberich, “Catechesi ‘adulta’ in una chiesa ‘adulta’”,  in:  Orientamenti Pedagogici 38 (1991) p. 1370.
[31] Esta eclesiologia fundamentada na Lumen Gentium está particularmente desenvolvida no n. 75.
[32] A descrição de uma eclesiologia subjacente à proposta catequética brasileira, pode ser encontrada também em Luiz Alves de Lima, “Nuova Evangelizzazione nella prospettiva dell´America Latina”, in: Rino Fisichella (org.), Il Concilio Vaticano II. Recezione e attualità alla luce del Giubileo. Editrice Vaticana, Roma, 2001, pp. 138-149. Ou em REB 60 (2000), fasc. 239, setembro, pp. 663-668 (em português). De um modo bastante sintético também se pode ver em: Marlene Bertoldi, “Com adultos, Igreja adulta”, in: Missão Jovem, Florianópolis, junho 2001, p. 8.
[33] Tratando-se de esclarecimentos de conceitos, a redação desse quarto capítulo foi bastante trabalhosa, julgado por alguns, mesmo desnecessário.
[34] Catecumenato não se confunde aqui com o conhecido e propagado Movimento ou Caminho Neo-Catecumenal, como muito bem lembra CA 108.
[35] Cf .DGC 110c, 91d; CA 109.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

recados para orkut


Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

CNBB - Imprensa