terça-feira, 28 de setembro de 2010

Preparação para catequista

Material enviado por: Evaldo Santos
Paróquia De Santa Cruz – Castanhal – Pará

A CATEQUESE FAZ HISTÓRIA NA HUMANIDADE

No novo testamento, o termo “catequese” significa dar uma instrução a respeito da fé. Em sua origem o termo se liga a um verbo que significa ”fazer ecoar” (Kat-ekhéo). A Catequese, de fato, tem por objetivo último fazer escutar e repercutir a palavra de Deus. (Catequese Renovada pág 18 nº 31)


A HISTÓRIA DA CATEQUESE

Catequese como iniciação à fé e vida na comunidade
Primeira fase: estende aproximadamente, do século I ao século V. No tempo dos Apóstolos, a vivência fraterna da comunidade, celebrada principalmente na Eucaristia maneira de representar e traduzir a mensagem do Cristo Ressuscitado (1Cor 11, 17-29). Havia uma admissão dos catecúmenos de três anos, que buscavam:

- Compreender melhor a fé
- Deixar de lado os costumes pagãos
- Realizar um tempo de conversão e santificação


Catequese como processo de imersão na cristandade
Segunda fase: Nesse período que vai mais ou menos do século V ao século XVI, a catequese já não consistia tanto numa iniciação à comunidade como se vê na primeira fase. A sociedade se considerava animada pela religião cristã, que estabeleceu uma aliança entre o poder civil e o poder eclesiástico, tal fato denominou-se de cristandade.

Catequese como instrução
Terceira fase: A partir do século XVI, a catequese passa a valorizar mais aprendizagem individual, na qual já não era tão marcante a ligação com a comunidade. Alguns fatores contribuíram para essa instrução tais como:

- A descoberta da Impressa
- A difusão das escolas
- A preocupação com uma maior clareza das formulações cristã.

Catequese como educação permanente para a comunhão e a participação na comunidade de fé
Quarta fase:
no século XX, a catequese faz redescobrir a importância fundamental da iniciação cristã e o lugar primordial que nela cabe a comunidade.

CATEQUESE, UM MISTÉRIO DE DEUS

De onde vem o chamado para ser Catequista?
Vamos ver de onde vem o chamado de Deus para o ministério de ser catequista:

Os que seguem Jesus e são batizados formam a Igreja.
Igreja – Convocação
(grego) – assembléia


É assim o povo de Deus que se reuni e esse povo tem uma missão:
“Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do pai, do filho e do espírito santo”. (Mt 28,19)

Assim desde o inicio da Igreja existem os ministérios:
Ordenados – Bispos
Padres (presbíteros)
Diáconos


Bispo: Chefe da Igreja particular ou Diocese. É uma pessoa chave na Igreja, recebe o sacerdócio em plenitude e a ele são dados todos os ministérios.

Padre: Colaborador direto do Bispo na evangelização e na distribuição dos ministérios. Pode ser: Diocesanos e Religiosos.

Devem: Pregar o evangelho; presidir a eucaristia; exercer o ministério dos sacramentos a eles confiados; animar, coordenar e orientar a comunidade.

Diácono: do grego (diakonia) – serviço
Podem ser: Permanente – como ministério permanente ou Provisório em preparação para ser Padre.

Não ordenados – (Leigos) – toda a comunidade Igreja, todos aqueles que, recebendo o Batismo, resolvem assumir o seu papel na comunidade. Entre esses, nós, catequistas.

“A Igreja para cumprimento de sua missão, conta com a diversidade de ministérios. Ao lado dos ministérios hierárquicos, a Igreja reconhece o lugar dos ministérios desprovido de ordem sagrada. Portanto, também os leigos podem sentir-se chamados ou ser chamados a colaborar com os seus pastores a comunidade eclesial, para o crescimento e vida da mesma, exercendo ministérios diversos, conforme a graça e os carismas que o senhor aprouver conceder-lhes.”
(puebla 804)

CRISTO É O CENTRO DA CATEQUESE

No centro da catequese encontramos essencialmente a pessoa de Jesus de Nazaré, filho do Pai. Que morreu por nós e agora ressuscitado vive conosco para sempre (catecismo IC 426).

FINALIDADE DA CATEQUESE

Levar a comunhão com Jesus Cristo: só ele pode conduzir ao amor do Pai. Portanto aquele que é chamado a ensinar o Cristo deve conhecê-lo. É desse conhecimento de Cristo que jorra o desejo de anunciá-lo, de evangelizar e de levar outros ao “sim” da fé em Jesus (catecismo da IC 428 e 429).

QUEM É O CATEQUISTA?

O Catequista é antes de tudo alguém que escuta e atende o chamado de Deus (Mt, 9, 37-38). Ele é um mestre em doutrina religiosa, que enviado por Deus, vai despertar e cultivar a fé dos catequizados (catecúmenos).
O Catequista é alguém de muita vocação (Ef, 4,1. 2Ts, 1,11).

Virtudes do Catequista:

• Catequista é um mestre de oração (catecismo da IC. 2663).
• O Catequista é um mediador, que facilita a comunicação entre Deus e o Homem (diretório geral para catequese pág. 162, cap. 156).
• O Catequista é um intérprete da igreja junto aos catequizados (catequese renovada 26, pág 56).
• O Catequista é alguém que catequiza em nome de Deus e da comunidade profética. Em comunhão com os pastores da igreja (catequese renovada 26, pág 56 nº 146).
• O Catequista é testemunha ativa do evangelho em nome da igreja (diretório geral para catequese pág. 165)

A QUEM É DESTINADO A CATEQUESE?

É destinada a todo o homem, de modo particular os pobres e os menos favorecidos (diretório geral para catequese pág. 172).


A todo batizado porque é chamado por Deus a maturidade da fé (diretório geral para catequese pág 175 nº 167)

A comunidade cristã é a origem, lugar e a meta da catequese (diretório geral para catequese pág. 251 nº 253).

A comunidade eclesial de base (diretório geral para catequese pág. 259 nº 263)

Aqueles que desconhecem ou recusam a Deus (Catecismo da IC. nº 49).

MISSÃO DO CATEQUISTA

A missão primordial da igreja é anunciar a Deus e testemunhá-la diante do mundo (diretório geral para catequese pág. 25 nº 23)

Anunciar o reino de Deus como o próprio Jesus o fez sendo enviado (diretório geral para catequese pág. 37 nº 34)

Transmitir aos catequizandos a viva experiência que ele tem dos evangelhos (diretório geral para catequese pág. 65 nº 66)

Conservar fielmente o evangelho a todos aqueles que decidiram seguir Jesus (diretório geral para catequese pág. 76 nº 78)

O Catequista dedica-se de modo específico ao serviço da palavra tornando-se porta-voz da experiência cristã de toda a comunidade (catequese renovada 26 pág. 55 nº 145)

A CATEQUESE É UM MINISTÉRIO, PORTANTO UM SERVIÇO

A Catequese é uma prioridade em toda a Igreja, “A Catequese é uma urgência. Só posso admirar os pastores zelosos que em suas Igrejas procuram responder concretamente a essa urgência, fazendo da catequese uma prioridade” (João Paulo II, encontro com os Bispos em Fortaleza 10/07/1980).

A Igreja precisa de catequistas, porém, catequistas conscientes com a missão de:
CATEQUIZAR, ENSINAR E EVANGELIZAR.

CARACTERÍSTICAS DE UM BOM CATEQUISTA

Espiritualidade profunda – rezar e testemunhar o cristianismo, não perder nunca a intimidade com Deus.

Integração na comunidade – Participar ativamente de toda a vida da Igreja. O catequista deve exercer o ministério de forma continuada e permanente.

Senso crítico – ler, estudar, e analisar coerentemente os fatos da Igreja do mundo. A alienação é um mal que jamais deve tomar o catequista.

Animação – saber ouvir e dialogar, buscar não mostrar dúvidas e insegurança, animar de tal forma o encontro de catequese, que leve o catequizando a um conhecimento gostoso da doutrina da Igreja.

Qualidade humanas – didática, psicológicas, equilíbrio, carinho.

Formação doutrinária – buscar conhecer a doutrina católica, estudar sobre seus diversos aspectos, através de leituras, cursos etc.

Ser catequista não é ser professor. Aulas são dadas na escola. Os encontros de catequese têm a preocupação de anunciar Jesus e levar o catequizando a uma aproximação maior com a Igreja.

Por ser considerado pelas crianças como modelo, o catequista deve dar testemunho daquilo que prega, de viver o que anuncia.
O essencial a um bom catequista é o AMOR, daí emana:
- Compreensão
- Carinho
- Dedicação
- Atenção
- Preparação
- Serviço


A CATEQUESE É UM PROCESSO PERMANENTE

A catequese não se restringe apenas à preparação para 1ª Eucaristia. Antigamente muitos pais, diante da preparação para 1ª Eucaristia queriam ver seus filhos o mais rápido possível fazendo ou recebendo a comunhão.

O catequista deve deixar bem claro que primeira comunhão não é um evento social, onde se desfilam as roupas bonitas, mas ninguém se preocupa em dar continuidade à vida da Igreja, da mesma forma os outros sacramentos, daí a importância das reuniões com os pais, movimentos paroquiais.

CATEQUISTA MESTRE EM ORAÇÃO

“O exemplo de Cristo orante: o Senhor Jesus, que passou pela terra fazendo o bem e anunciando a palavra, dedicou, sob o impulso do espírito santo, muitas horas a oração. O cristão, movido pelo espírito santo, há de fazer da oração motivo de sua vida diária e de seu trabalho. A Igreja que ora em seus membros une-se à oração de Cristo” (puebla 932).

Por isso durante toda a sua vida o catequista deve ser uma referência em oração, e o grande incentivador de seus catequizandos. O catequista tem esse dever de levar o catequizando a compreender a necessidade desse encontro pessoal com Deus na oração, quem não tem um contato diário com Deus na oração, não é capaz de compreender a própria missão que está no coração do pai, a oração nos leva à ação.

A oração deve ser:

Simples – porque Deus é simples, e se manifesta na simplicidade.

Sincera – nós devemos ver Deus como um amigo.

Cheia de amor – Deus é amor, daí é preciso estarmos também com a disposição para amar.

A CATEQUESE LEVA A BÍBLIA

A bíblia é o livro da catequese por excelência (catequese renovada 26, pág 58 nº 154). O catequista deve fazer uma catequese inteiramente baseada na bíblia, buscando na palavra de Deus a base do ensinamento do catequizando, o catequista tem a obrigação de ter um profundo conhecimento da sagrada escritura.

O CATEQUISTA E A EUCARISTIA

A celebração eucarística, centro da sacramentalidade da Igreja e presença mais plena de Cristo no meio da comunidade, é o centro e o ponto culminante de toda vida sacramental. (puebla 923)

A eucaristia está no centro da liturgia, e em redor dela todos os outros sacramentos, por isso o catequista tem que ser espelho de uma fidelidade constante ao corpo e sangue do senhor.

ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O CATEQUISTA

Ao iniciarmos uma caminhada catequética é necessário ter um momento para maior entrosamento entre os catequistas da comunidade. Para isso é necessário um encontro semanal para preparação dos encontros, partilha de idéias e experiências de trabalho. Também um encontro mensal, para se fazer uma avaliação das atividades desenvolvidas no referido mês, seguida de um momento de espiritualidade.

COMO FAZER UM ENCONTRO COM OS CATEQUIZANDOS

Ao prepararmos o Encontro de catequese, devemos nos preocupar com o catequizando: sua vida, suas expectativas.

QUANTO AO LOCAL DO ENCONTRO

• Deverá está em ordem, limpo e agradável. Os catequistas podem convidar os catequizandos para ajudar na arrumação.

• Utilizar cartazes, figuras sobre o tema em questão, enfeitar o ambiente para despertar nos catequizandos interesse pelo tema.

• A Bíblia deve ocupar lugar de destaque no local do encontro. Usar flores, toalhas e velas sempre que possível.

• Os catequizandos deverão sentar-se em círculo, para que todos possam ver a todos. Essa é uma maneira de discerni sobre sala de aula e sala de encontro de catequese.

QUANTO AO ACOLHIMENTO

• Para acolher bem os catequizandos o catequista deverá chegar um tempo antes do horário de inicio do encontro para receber a todos com igual atenção, sem demonstrar preferências.

• Ter um momento de diálogo com os catequizandos, questionando-os sobre o que fizeram durante a semana, como estão se sentindo, o que desejam receber na catequese. Não deve ser um relatório mais sim uma conversa espontânea.

• O ponto de vista do catequizando deve ser respeitado, e sua opinião ser ouvida com bastante atenção.

• O catequista deve dizer sempre a verdade. Se não souber responder a alguma pergunta, deverá se comprometer em procurar a resposta e trazer no próximo encontro.

• Não chamar a atenção dos catequizandos na frente de outras pessoas.

• Se o catequizando tiver algum problema, o catequista deve procurar ser amigo dele para ajudá-lo a superar suas dificuldades.

• Criar dinâmicas de acolhimento e no decorrer do encontro.

QUANTO À LINGUAGEM

• A linguagem deve ser clara, coerente e simples:

• Nunca falar em tom infantil, mas naturalmente, com firmeza e simplicidade;

• Ter atenção com determinadas palavras que costumamos usar: Catequese não é um curso, nem escola. Em vez de “aula” falar “encontro”. Não fazer “provas” nem dar “notas” nem castigos. Que o relacionamento não seja de “professor” e “aluno”.

• Essas coisas existem na escola, mas não na catequese, que é o encontro do catequizando com Jesus Cristo e com a comunidade.

QUANTO A ORGANIZAÇÃO

• O Catequista deve utilizar uma pasta com materiais para anotar os dados principais do catequizando: Idade, endereço, escolaridade etc.

• Anotar também a freqüência nos encontros.

• Fazer uma ficha individual de participação para assim acompanhar o catequizando.

ORAÇÃO DO CATEQUISTA:

Senhor, tu me chamaste a ser catequista na tua Igreja nesse imenso Brasil, na tua comunidade que também é minha. Tu me confiaste a missão de anunciar a tua palavra, de denunciar o pecado, de testemunhar, pela minha própria vida, os valores do evangelho. Recuo diante do teu chamado. É pesada, Senhor, a minha responsabilidade. Mas, se me escolhestes confio na tua graça. Caminharemos juntos, Senhor, tu, apoiando-me, iluminando-me; eu, colocando-me à tua disposição, à disposição da tua Igreja, preparando-me, atualizando-me sempre mais para servir melhor o teu povo. Faze-me teu instrumento para que venha o teu reino, reino de amor e paz, de fraternidade e justiça, reino, onde Deus será tudo em todos. Amém.

Fontes
Bibliográficas consultadas: Catecismo da Igreja Católica 1993, Diretório geral para a catequese 1998, Catequese renovada nº 26 da CNBB 1983 e Preparação para catequistas (Gabriel Chalita) 2000 e Livro do Catequista Fé vida e Comunidade Editora Paulus 13ª Edição 1994.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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