Um grupo de bispos e formadores de seminário reflete a seguinte situação: não dá mais para formar padres que não sejam missionários. O encontro, que teve início no dia 19 e encerra nesta quinta-feira, 22, acontece no Instituto São Boaventura, em Brasília. É Organizado pelas Comissões Episcopais Pastorais para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada e para Ação Missionária com o apoio das Pontifícias Obras Missionárias (POM), Centro Cultural Missionário (CCM) e Comissão para a Amazônia da CNBB.
O ponto de partida da reflexão é o documento 93 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil que exorta os futuros presbíteros a serem exímios pastores, ou seja, devem saber cuidar do Povo de Deus. Outra questão em destaque é o cuidado quanto ao equilíbrio das cinco áreas integradas da formação sacerdotal.
Dom Pedro Brito Guimarães, presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada e arcebispo de Palmas (TO), explica o teor da reunião. “Tão importante quanto as dimensões intelectual, espiritual, humano-afetiva e comunitária, na formação dos futuros padres, é a pastoral missionária. Porém, esta sempre sofre um desequilíbrio com relação às outras. Acontece de ficar para os fins de semana e para as férias, quando acontecem. Nós aqui reunidos insistimos para que exista um equilíbrio entre as cinco dimensões formativas para que tenhamos bons pastores missionários”, enfatizou o arcebispo, que completou. “Fundamentalmente a dimensão pastoral missionária é a alma do apostolado. Ela puxa e disciplina as outras dimensões”.
Durante o encontro, o seminarista arquidiocesano de Ponta Grossa (PR) Wilson Santos Morais, que cursa o terceiro ano de teologia, relatou a sua experiência em missão na diocese de Santarém (PA). “Participei da Experiência Missionária de Santarém entre 2009 e 2010 e foi um momento marcante para a minha formação. Percebo que hoje temos uma mudança de mentalidade quanto ao ser padre. Esse encontro para refletir sobre a formação missionária dos futuros sacerdotes é positiva porque estamos fazendo isso a partir da base, dialogando com os seminaristas”.
O arcebispo de Porto Velho (RO) dom Esmeraldo Barreto de Farias, que também participou do encontro disse que a reflexão “fundamenta toda a necessidade da experiência missionária na formação dos futuros presbíteros, para que desde já, eles possam dizer: nós somos preparados para a missão e estamos conscientes de que não existe outro modo de exercer a Palavra de Deus senão pelo modo missionário”. De acordo com o arcebispo, as redes devem ser lançadas hoje na “realidade urbana, rural, dos jovens, das famílias, e em todos os ambientes que nos desafiam”.
A Missão na Prática
Padre Alaelson Sousa de Lima, formador do Seminário São Pio X (Filosofia e Teologia) na diocese de Santarém (PA) e coordenador dos trabalhos da Experiência Missionária que vai para sua sexta edição, a partir do próximo mês de dezembro, aposta neste modelo de formação para seminaristas. “É um modo envolvente que colabora na formação missionária dos futuros padres. Na Experiência eles mergulham na realidade das comunidades, sentem como é a vida do nosso povo e isso ajuda bastante. Para este ano as pessoas já estão na expectativa em Santarém. Vamos receber muitos missionários de fora”, contou.
O bispo de Goiás (GO), dom Eugênio Rixen, já participou da Experiência Missionária de Santarém e concorda com o modelo formativo de missão feito na prática. “É no contato que os seminaristas fazem uma experiência mais profunda em Jesus Cristo e entendem melhor a Palavra de Deus. O contato com a realidade também ajuda nos estudos e dá sentido à vocação”.
Critérios de ordenação
Segundo dom Pedro Brito, as discussões feitas na reunião dos bispos e formadores de seminário não devem se esgotar hoje, quando termina o encontro. Ele disse que a Comissão para os Ministérios Ordenados sempre tem pautado a CNBB quanto à importância da questão. “Na Assembleia Geral da CNBB sempre tocamos no assunto ‘critérios de ordenação presbiteral’. Não podemos deixar de insistir que só devem ser ordenadas pessoas que não pairam dúvida nenhuma quanto à sua idoneidade em todos os campos formativos, inclusive no campo da pastoral e da missionariedade”.
Ainda nesta quinta-feira, a reunião acolhe representantes da OSIB (Organização dos Seminários e Institutos do Brasil) para tratar de um seminário que deve acontecer em 2014 sobre a formação presbiteral no Brasil. Na próxima Assembleia Geral da CNBB, antecipou dom Pedro, “vamos passar ao episcopado brasileiro nossa preocupação sobre os critérios de ordenação e queremos anunciar o seminário que deve pautar a formação dos padres no conjunto das cinco dimensões formativas”.
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