quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

E o Verbo se fez carne... Não livro!


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Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)
Aproxima-se o Natal de Jesus. Natal não é só o aniversário do nascimento d’ Ele, mas é a celebração do Emanuel, do Deus conosco. Jesus, o Verbo de Deus, um dia desceu entre nós, “se fez homem”, assumiu a nossa condição humana em tudo exceto o pecado, deu a sua vida para nos reconciliar com o Pai e entre nós e, cumprida a sua missão, retornou ao Pai.

Mas a sua presença real permaneceu sobre a terra de várias maneiras: na Eucaristia, na sua Palavra, em cada irmão, sobretudo nos pobres, entre nós unidos em seu nome, nos pastores da Igreja. Uma das presenças reais do Verbo, que é Deus, é, portanto a Palavra de Deus. O nosso Papa Bento XVI na Exortação Apostólica pós–Sinodal “Verbum Domini” ao n. 50 afirma: “Na Palavra de Deus proclamada e ouvida e nos Sacramentos, Jesus hoje, aqui e agora, diz a cada um: "Eu sou teu, dou-Me a ti", para que o homem O possa acolher e responder-Lhe dizendo por sua vez: "Eu sou teu".
Assim a Igreja apresenta-se como o âmbito onde podemos, por graça, experimentar o que diz o Prólogo de João: "A todos os que O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus" (Jo 1, 12).
A partir dessas breves considerações, podemos superar um conceito ainda presente na cabeça e no coração de muitos cristãos: o de absolutizar o livro, a palavra escrita, a letra da Escritura, esquecendo que o Verbo se fez carne, não livro. De fato no presépio nós não colocamos um livro, mas uma criança, a indicar que, quando Deus se manifestou ou se manifesta, ele entra na vida das pessoas e o seu projeto se torna “carne da gente”, vida da gente, transformando-nos em filhos e filhas muito amados porque encarnamos em nós a Palavra que um dia se fez homem e habitou entre nós.
Isso é tão verdade que a própria escritura afirma: “A letra mata. O Espírito é que dá a vida!” (2 Cor 3,6). Podemos assim afirmar que como pelo Espírito o Verbo se fez carne no seio da Virgem Maria, assim, pelo Espírito, a Palavra se torna vida dentro da Igreja na existência de muitos fiéis que, colocando-a em prática, se tornam filhos e filhas de Deus.
O Natal deste ano para a Igreja e para a nossa diocese tem a marca da nova evangelização na comemoração dos 90 anos da sua criação. É dever nos perguntar, depois de tanto tempo de caminhada, se conseguimos passar para a vida o vigor e a novidade da Palavra que se fez carne e sobretudo se conseguimos transmitir esta vida, gerada pela Palavra, na experiência concreta dos fiéis, de modo particular para as novas gerações.
Às vezes temos a impressão que um certo cansaço tome conta da vida das nossas comunidades, que até os agentes de pastoral tenham perdido o encanto do encontro com Jesus e que a Palavra que acolhemos na nossa vida não anime mais a nossa ação pastoral e evangelizadora. É preciso retornar ao “primeiro amor”(cfr. Ap 2,4), reacender a lamparina apagada enchendo-a do óleo de consagração que nos tornou discípulos e missionários do Senhor no dia do nosso batismo e crisma tornando-nos fermento, sal e luz do mundo.(cfr. Mt 5,13-14.13,33)
Natal, festa da luz, festa da vida, festa do Amor, reanime os nossos corações e nos dê alento, alegria e entusiasmo no testemunho e no anúncio de Jesus Cristo e do seu Reino.
FELIZ E SANTO NATAL PARA TODOS!!!

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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