quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Tarefa do bem comum


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Dom Alfredo Schaffler 
Bispo de Parnaíba (PI)
Os noticiários mostram, diariamente, os horrores e a gravidade da violência na sociedade contemporânea. Violências de todo tipo, que têm como agentes os jovens, muitos deles ainda adolescentes, que perdem o senso de responsabilidade, praticam crimes, arquitetam esquemas de corrupção.

Esse quadro de horror precisa ser diariamente enfrentado à luz da fé e do compromisso cidadão de cada um.
Neste horizonte, é importante investir na compreensão e na prática do princípio do bem comum, para despertar em cada mente o gosto pela conduta zelosa, pela justiça e verdade.
É imprescindível ensinar, nas escolas e famílias, nas igrejas e todas as instituições da sociedade, a respeito da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas.
Aí se inscreve o sentido do bem comum, com sua força para equilibrar todos os aspectos e relacionamentos na vida social.
Trata-se de uma aprendizagem permanente, que requer o anúncio desses princípios, sua prática com força de exemplaridade, a partir de gestos pequenos àqueles com propriedade para determinar novos rumos.
Na verdade, é uma grande caminhada para recuperar a configuração perdida do sentido social, da fraternidade e solidariedade.
O bem comum não consiste apenas na soma dos bens particulares de cada sujeito, sublinha a Doutrina Social da Igreja Católica.
Ela diz que “sendo de todos e de cada um, é e permanece comum, porque indivisível e porque somente juntos é possível alcançá-lo, aumentá-lo e conservá-lo em vista do futuro”.
O agir social alcança sua plenitude realizando o bem comum. Não se pode cansar na sua prática e no testemunho de sua prioridade. Presente o sentido do bem comum, imediatamente se vê a diferença qualitativa do agir em busca do bem de todos.
Na contramão, está tudo aquilo que causa prejuízo, desde um papel jogado displicentemente na rua até a montagem ardilosa de esquemas de corrupção.
O bem comum é a consciência de que a pessoa não pode encontrar plena realização somente em si mesma. Por isso, a Doutrina Social da Igreja também afirma que, “nenhuma forma expressiva de sociabilidade - da família ao grupo social intermédio, à associação, à empresa de caráter econômico, à cidade, à região, ao Estado, até a comunidade dos povos e nações - pode evitar a interrogação sobre o bem comum, que é constitutivo do seu significado e autêntica razão de ser da sua própria subsistência”.
Passo importante para cultivar um autêntico sentido do bem comum é compreender que a paz é dom de Deus e obra de cada pessoa, conforme sublinha o Papa Bento XVI na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano.
Assim, não basta amedrontar-se diante da violência, mas crescer na consciência de ser um operário da paz.
Nesse sentido, o Papa observa que para nos tornemos autênticos e fecundos obreiros da paz, são fundamentais à atenção, à dimensão transcendente e ao diálogo constante com Deus.
Sem a dimensão transcendente e sem referência a Deus, certamente, mais difícil, por vezes impossível, é superar o egoísmo que adoece e nega a paz, tutela tipos de violência, bem como a avidez e o desejo de poder e domínio, além das intolerâncias, do ódio e das estruturas injustas que perpetuam abomináveis exclusões sociais.
Trabalhar pela paz é um fecundo processo educativo para o sentido autêntico do bem comum.
Para vivenciar este processo, é imprescindível uma grande abertura da mente e do coração para o Senhor da Paz, Jesus Cristo, o Salvador do mundo.
Firme na fé e fiquem com Deus.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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