quarta-feira, 15 de maio de 2013


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cardeal tauran



O cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o diálogo Inter-religioso, enviou no último dia 2 de maio uma mensagem aos budistas por ocasião do Vesakh, principal festa do calendário budista.







Na mensagem, a Santa Sé expressa o sincero respeito pela tradição religiosa budista, e convoca para a união de forças “para desmascarar as ameaças à vida humana e despertar a consciência ética dos nossos respectivos seguidores para despertar um renascimento moral e espiritual dos indivíduos e da sociedade a fim de sermos verdadeiros construtores da paz, amando, defendendo e promovendo a vida humana em todas as suas dimensões”.


PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
MENSAGEM ENVIADA AOS BUDISTAS
POR OCASIÃO DA FESTA DE VESAKH 2013

Cristãos e budistas juntos na defesa da vida
Caros Amigos Budistas
1. Em nome do Pontifício Conselho para o diálogo Interreligioso, gostaria de transmitir os meus cordiais cumprimentos e votos de felicidades a todos vós, na ocasião da vossa Festa de Vesakh que a nós, cristãos, oferece a oportunidade de renovar o nosso amigável diálogo e estreita colaboração com as diferentes tradições que vós representais.
2. O Papa Francisco, logo no início do seu ministério, sublinhou a necessidade de diálogo e amizade entre os seguidores das diversas religiões. Ele observou que “a Igreja […] está ciente da responsabilidade que todos nós temos em relação a este nosso mundo e à criação inteira, que devemos amar e preservar. Muito podemos nós fazer pelo bem de quem é mais pobre, de quem é frágil e de quem sofre para favorecer a justiça, promover a reconciliação, construir a paz” (Encontro com Representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais e das várias Religiões, 20 de Março de 2012). A Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2013, intitulada “Bem-Aventurados os pacificadores”, nota que “o caminho para a consecução do bem comum e da paz é, antes de mais, o respeito pela vida humana, considerada na multiplicidade dos seus aspectos, a começar pela concepção, passando pelo seu desenvolvimento até ao fim natural. Assim, os verdadeiros pacificadores são aqueles que amam, defendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões: pessoal, comunitária e transcendente. A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida” (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2013, n. 4).
3. Desejo manifestar que a Igreja Católica nutre sincero respeito pela vossa nobre tradição religiosa. Notamos frequentemente uma consonância com valores expressados também nos vossos livros religiosos: respeito pela vida, contemplação, silêncio, simplicidade (cf. Verbum Domini, 119). O nosso diálogo genuinamente fraterno necessita de encorajar aquilo que nós, budistas e cristãos, temos em comum, em especial a profunda reverência partilhada pela vida.
4. Caros amigos budistas, o vosso primeiro preceito ensina a abster-vos de destruir a vida de qualquer ser sensível, proibindo assim a pessoa de se matar a si mesma e os outros. A chave da vossa ética assenta na bondade amorosa para com todos os seres. Nós, cristãos, acreditamos que o cerne do ensinamento moral de Jesus é duplo: amor a Deus e amor ao próximo. Jesus diz: “Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor”. E ainda: “É este o meu mandamento, que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1.823). O quinto Mandamento cristão, “Não matarás”, está em grande harmonia com o vosso primeiro preceito. Nostra Aetate ensina que “a Igreja católica nada rejeita do que é verdadeiro e sagrado nessas religiões” (na, n. 2). Penso, portanto, que é urgente que budistas e cristãos, com base no patrimônio genuíno das nossas tradições religiosas, criemos um clima de paz para amar, defender e promover a vida humana.
5. Como todos sabemos, apesar destes nobres ensinamentos acerca da santidade da vida humana, o mal, sob diferentes formas, contribui para desumanizar a pessoa mitigando a noção de humanidade nos indivíduos e comunidades. Esta trágica situação convida budistas e cristãos a unirem as mãos para desmascarar as ameaças à vida humana e despertar a consciência ética dos nossos respectivos seguidores para despertar um renascimento espiritual e moral de indivíduos e sociedades, a fim de sermos verdadeiros obreiros da paz que amam, defendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões.
6. Caros amigos budistas, continuemos a colaborar com renovada compaixão e fraternidade para aliviar o sofrimento da família humana protegendo o caráter sagrado da vida humana. Neste espírito vos desejo, uma vez mais, a paz e a alegria na festa de Vesakh.

Cardeal Jean-Louis Tauran
Presidente
Pe. Miguel Ángel Ayuso Guixot, MCCJ
Secretário

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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