Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)
A união do homem e da mulher para um vida estável e de convivência realizadora se dá na coexistência entre ambos para a busca de um ideal de vida progressivamente conquistado, até chegarem à sua plenitude no termo do tempo aqui vivido. A coroação de tudo se verifica no encontro definitivo com o Criador do matrimônio e da família.
Fora disso não se deslumbra a razão de ser do convívio com a efetivação de todos os seus valores.
Muitas vezes hoje se nota a convivência de pessoas, como em matrimônio, configurada na pura sintonia afetiva ou sexual. Faltam os atributos adequados para a constituição de complemento de corpos, de promoção de vida e ação de busca de um objetivo maior apresentado, já no plano natural, por quem instituiu a vida familiar. Isso está fadado a ser mera convivência de pessoas com finalidades não afinadas com o autêntico matrimônio.
Muitos convivem como se fossem família, têm filhos e não dão base psicológica, educativa e de convivência harmoniosa para uma formação de personalidade saudável. O futuro desses filhos será, com freqüência, de tensões e distúrbios. Quando eles também se casarem, terão dificuldade de formar lares de convivência emocional tranqüila e harmoniosa, também no campo religioso.
Preparar o futuro dos filhos requer famílias com estruturação saudável e de qualidade em valores naturais e sobrenaturais. Para isso, precisamos preparar a juventude para formar famílias sedimentadas no amor e na responsabilidade da busca, no mútuo apoio, de um ideal de vida com valores conquistados diuturnamente com a mútua ajuda e o desprendimento de si. Um auxiliará o outro a superar seus limites. A união para o que der e vier será sua tônica cotidiana. Os desafios são assumidos com boa vontade. O espírito de sacrifício não será entrave para a doação de um a outro. Quando o autêntico amor vigora, não há empecilho para ambos sempre renovarem o entusiasmo de viverem unidos e serem, um para o outro, verdadeiro suporte de realização. Isso acontece quando ambos vivem uma fé inabalável em Deus. Quando estão inseridos fortemente na comunidade religiosa, sentem verdadeira proteção para sua união sempre ser sólida e realizadora.
Celebrando a festa da Sagrada Família de Nazaré vemos nela um espelho olhado por quem realmente deseja formar família conforme o plano de Deus. Ela tem seu embasamento natural, religioso e sobrenatural para humanizarmos o convívio familiar com os enfoques próprios da família com todos os seus valores, inclusive o de atingir seus objetivos humanos e divinos.
Maria e José não olharam só para seus interesses pessoais. Uniram-se por um objetivo bem maior, tem em vista o projeto divino. Se os casais formassem famílias dentro dessa perspectiva, teríamos mais lares saudáveis e unidos para a conquista de grande tesouro, na perspectiva do projeto divino. As uniões só por interesses pessoais, sejam quais forem, não realizam um objetivo maior, baseado em valores acima dos interesses subjetivos e momentâneos.
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