terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Face transparente

Dom Genival Saraiva de França

Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE
A Igreja Católica é divina em sua origem, uma vez que Jesus Cristo é seu fundador, diferentemente de outras igrejas e até mesmo de religiões que têm fundadores humanos. Não há como não se identificar essa marca diferencial, no olhar de um simples fiel ou numa investigação criteriosa de um concentrado pesquisador. Como as demais, a Igreja Católica também é humana, enquanto é constituída de pessoas. Dessa maneira, nela se revelam, visivelmente, sua natureza divina e sua face humana. Por isso, é “santa e pecadora”, como reconhece e proclama a assembleia cristã quando se coloca em atitude de oração. Dado o seu caráter institucional, a Igreja se rege por disposições canônicas que contemplam estruturas, pessoas e ofícios.

Na ordem institucional, o olhar administrativo identifica, na Igreja, a Cúria Romana, Congregações, Conselhos Pontifícios e outros Organismos. Como, porém, a Igreja não é apenas o Vaticano, por estar espalhada pelo mundo, há Arquidioceses, Dioceses, Prelazias, Administrações Apostólicas, Províncias Eclesiásticas, Conferências Episcopais e outros entes eclesiásticos, com as atribuições canônica e pastoralmente previstas. Como é óbvio, as instituições não subsistem sem as pessoas. Na realidade, não há uma instituição onde não haja pessoas, em seu respectivo lugar e com sua respectiva função/missão. Desse modo, estão à frente da Igreja e de seus organismos o Papa, cardeais, arcebispos, bispos, religiosos e leigos, conforme com seus devidos ofícios.
A sociedade e o próprio universo eclesiástico acompanham com atenção e interesse o Pontificado do Papa Francisco, a partir de algumas sinalizações que apontam a sua direção e de algumas intervenções que já evidenciam a sua linha de ação. Muitas dessas ações dizem respeito à vida interna da Igreja e, assim, poderiam passar desapercebidamente perante a sociedade; no entanto, não é isso que se constata. Nessa matéria, há expectativas e esperanças, uma vez que a palavra da Igreja, por mandado de Jesus, tem o mundo como destinação e, consequentemente, sua ação não se restringe aos muros de sua administração. A Igreja Católica, pelas pessoas e estruturas que constituem o seu corpo e revelam a sua “alma”, fala sempre ao coração da humanidade e ora o faz positivamente, ora negativamente. Sem dúvida, o ministério do Papa Francisco está contribuindo para que a Igreja tenha uma face transparente, perante si e perante o mundo, a fim de chegar àquele estado de aperfeiçoamento concebido por São Paulo - uma Igreja “toda bela, sem mancha sem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem defeito.” (Ef 5,27). Essa busca de transparência começa pela determinação do Papa de enfrentar a realidade de fatos que provocam “fratura exposta” na Igreja, em razão da conduta inadequada de alguns de seus membros, no exercício de ofício ministerial ou no desempenho de atividade profissional.
Todavia, o encantamento da população pelo Papa Francisco acontece, sobretudo, ao revelar a face humana e divina da Igreja em pessoas, de níveis sociais diversos, que se dedicam aos seus irmãos, diante de suas reais necessidades.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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