DIOCESE
DE LIMEIRA - EPIFANIA DO SENHOR
04 de janeiro de 2015
“Em Jesus, a salvação é oferecida a todos os povos”
Leituras:
Isaías 60, 1-6; Salmo 72 (71), 1-2.7-8.10-13 (R/cf. 11); Carta de São Paulo aos
Efésios 3, 2-3a.5-6;
Mateus
2, 1-12.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Animador: “Onde está o Rei
que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt
2, 2). Os Magos não quiseram apenas admirar à distância este grande brilho do
Mistério, mas quiseram experimentar o Mistério realizado em Jesus Cristo, a Luz
divina do Pai. Quem busca a Luz, que é Jesus Cristo, não vive como caminheiro
nas trevas.
1. Situando-nos
A festa da Epifania é a grande
convocação que Deus faz, a fim de que todas as nações e raças encontrem forças
para tornar humano e fraterno o nosso mundo. E em Jesus Cristo essa expectativa
toma corpo e alma, aparecendo como proposta oferecida a todos.
Como festa litúrgica, a Epifania
deixa raiz na tradição das Igrejas do Oriente, onde se identificava com a
celebração da Natividade de Jesus, firmada no Ocidente (Roma), no dia 25 de
dezembro. Com o passar do tempo, entrou para o calendário romano sob o titulo
“Epifania”, e também, “Teofania”.
O aspecto ressaltado na Epifania é
a manifestação do Senhor e de sua luz que ilumina todos os povos do universo,
vivendo ainda a alegria do Natal e lembrando o dom da graça e da ternura de
Deus que se manifestam em todas as nações e culturas, simbolizadas pela visita
dos três reis magos.
2.
Recordando a Palavra
A leitura de Isaías se refere à
situação de Jerusalém. Ela é desanimadora. É tempo de pós-exílio, onde tudo
está por ser feito Se o exílio era amargo, a saída dele e a reconstrução do
país foram marcadas por grandes dificuldades: Jerusalém está prostrada por
causa de sua população diminuta, pela falta de recurso e pela dominação
estrangeira (império persa) que não permitia a organização política dos que
retornaram, além de impor pesado tributo.
Teria Deus abandonado seu povo e a
cidade santa? O papel do profeta (Terceiro Isaías) é suscitar ânimo e
esperança. Deus continua sendo o esposo da cidade. Por causa do amor fiel que
tem para com Jerusalém, esta será transformada em ponto de convergência da
caminhada das nações. Neste contexto, precisamos entender a palavra do profeta.
O texto de Isaías (60,4) é uma
poesia de consolo à comunidade que retorna do cativeiro: “Lança um olhar em
volta e observa: todos estes reunidos para virem a ti, teus filhos vêm de
longe, tuas filhas carregadas ao colo”. Jerusalém acolhe os seus que foram
deportados, e, resplandecente, vibra pela justiça de Deus.
Amanhece o dia: trabalhos de
reconstrução, acumulação de tesouros. Triunfam a paz e a justiça. O dia passa,
mas a noite não chega: começou o dia sem fim de luz, vida, justiça e
fecundidade, porque a glória do Senhor se levantou sobre a cidade. Jerusalém
deve despertar da noite do exílio e ver com alegria a chegada das nações
cantando louvores a Deus.
O Salmo 71(72), messiânico, tem na
pessoa do rei o centro das atenções. Pede-se que Deus lhes conceda capacidade
de julgar com justiça de acordo com o projeto de Deus. Os cristãos viram em
Jesus um novo rei capaz de agir conforme a vontade do Pai, único e rei do povo.
O salmo ainda conduz nossa atenção
para a adoração que as nações todas devem tributar a Deus que se fez presença
em seu Rei: “As nações de toda terra hão de adorar-vos, ó Senhor”; “Os réus de
Tarsis e das ilhas hão de vir (...) e também os reis de Sebá e de Sabá (...) os
reis de toda a terra hão de adorá-lo”, pois “Os povos caminham à tua luz e os
reis ao clarão de tua autora”. A luz é de Jerusalém, mas sua origem é o próprio
Deus, pois sobre ela apareceu a glória do Senhor (cf. Is 60, 1.3).
A carta de Paulo aos Efésios fala
do desígnio eterno de Deus de se revelar à humanidade; esse mistério
completou-se em Jesus, o Messias, a chamar a si toda a humanidade, judeus e não
judeus. Deus revelou-se no momento presente pelo Espírito: os pagãos são
admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e associado à mesma
promessa em Jesus Cristo.
No Evangelho, uma luz paira sobre o
lugar do nascimento de Jesus. Lendo-o a partir da primeira leitura com seu
salmo, nos é possível perceber como se cumpre em Jesus o que se anuncia acerca
de Jerusalém e do Rei-Messias.
Mateus fala da visita dos magos do
Oriente a uma casa onde se encontram Jesus e sua Mãe. Herodes Magno é rei da
Judeia. É visto como ilegítimo por parte da população por ser estrangeiro. Para
ele Jesus é um rival perigoso que deve ser eliminado.
A estrela esperada, que
sairia da linhagem do pai Jacó (Nm 24,17), é Jesus de Nazaré, descendente de
Davi, outra estrela da estirpe de Jacó. Essa estrela é a verdadeira luz para
todos os povos, é o “sol da justiça”, anunciado pelo profeta Malaquias (Ml
3,20). Davi é da tribo de Judá e Belém é sua aldeia de origem. Por isso, os
autores deste relato fazem memória da esperança do profeta Miquéias (Mq 5,1-3),
que não acreditava mais nas autoridades de Jerusalém, a capital, mas em um
governante que viria desde a periferia, como Davi, quando era um pobre pastor
de ovelhas antes de se tornar rei em Hebron e, depois, também em Jerusalém.
Outro aspecto dessa memória da esperança
do povo é o fato de lembrar vários textos que anunciam a vinda do rei justo
para todos os povos, enquanto do Oriente e do Ocidente eles viriam trazendo-lhe
presentes (Sl 72,10-15; Is 49,23; 60,5-6). Os presentes anunciam que Jesus é
rei (ouro) divino (incenso), que veio trazer libertação para muitos. Por isso,
é uma ameaça para outros, que o matam (a mirra era usada nos sepultamentos – Jo
19,39-40)
Contrastando com Herodes estão os
magos do Oriente. Seriam sacerdotes persas, mágicos, astrônomos ou astrólogos
babilônios? Importante é que eram conhecedores das tradições judaicas. Chegam a
Jerusalém, perguntando pelo rei dos judeus recém-nascido, pois viram sua
estrela e vieram homenageá-lo. Herodes tremeu e com ele toda a Jerusalém ligada
ao poder. Ele conhecia a esperança messiânica do povo e temia como ameaça ao
seu poder político.
Os sumos sacerdotes e doutores
foram indagados sobre onde devia nascer o Messias. Eles citam o profeta
Miquéias (5,1): “Mas tu, Belém de Éfrata, pequenina entre as aldeias de Judá,
de ti é que sairá para mim aquele que há de ser o governante de Israel. Sua
origem é antiga, de épocas remotas”. A profecia de Miquéias opõe a humilde
aldeia de Belém à capital, Jerusalém.
O rei se informa sobre o tempo em
que havia aparecido o astro, recomendando que enviassem informações para que
ele pudesse ir homenagear a criança. Os magos partiram e a estrela os conduzia,
motivo de imensa alegria. Entraram em casa e viram o menino com a mãe Maria.
Não é uma gruta, ou sala de peregrinos, ou um dormitório. É uma casa. Não
menciona José.
Na tradição bíblica, a presença do
rei ou do herdeiro tem papel importante (cf. Sl 45,10). Prostraram-se,
homenageando a criança e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra, reconhecendo sua
dignidade como rei, Filho de Deus e ser humano. Avisados para no retornarem a
Jerusalém, voltaram para o Oriente por outro caminho, impedindo os planos de
Herodes.
Algumas conclusões se impõem: Jesus
é o rei que vem fazer justiça. Ele é o mestre da justiça. Essa missão se concentra
na salvação dos pagãos, aqui representados pelos magos. O verdadeiro Rei dos
Judeus não é violento nem assassino. É um recém-nascido que tem suas raízes no
poder popular alternativo que se forma a partir do descontentamento e das
necessidades básicas do povo, ou seja, lembrando que Jesus é Rei à semelhança do
pastor Davi. No reinado de Jesus, a salvação não vem de Jerusalém, mas de
Belém.
No século VII, eles teriam recebido
“nomes” populares: Baltazar, Melchior e Gaspar. E, no século XV, lhes teriam
sido atribuídas as “cores”: Melquior representaria as etnias brancas, Gaspar as
amarelas e Baltazar as negras, a fim de simbolizar o conjunto da humanidade que
acolhe e reconhece o Messias como Deus conosco e libertador de todas as formas
3.
Atualizando a Palavra
O mistério de Deus, seu plano
salvífico, manifestou-se plenamente em Cristo a toda humanidade. Mistério não
significa enigma. É uma realidade que nos envolve e ultrapassa e que, por isso,
escapa à nossa compreensão total. A Epifania, como mistério, nos atinge,
fazendo desaparecer todos os nossos fechamentos e individualismos, afirmando
que Jesus veio para todos os povos e todos os tempos.
A segunda leitura nos fala daquilo
que agora foi dado a conhecer em Cristo: todos chamados a ser discípulos de
Jesus, todos podem participar da herança, devem formar o mesmo corpo,
participar da mesma promessa.
Isso é festa da Epifania! Uma
grande festa missionária! Faz-nos sentir caminhando na fé, junto com toda a
humanidade que enfrenta os dissabores da caminhada. A fé não é um assunto
particular, mas leva à comunicação e a vivência comunitária na busca contínua
de um sentido para a vida e suas contradições.
A estrela indica um caminho
alternativo, um caminho que não passa pelo conhecimento dos grandes, mas pelo
discernimento dos pequenos e fracos, o caminho que nos leva ao menino de Belém.
A revelação aos magos, vindo do
Oriente, é a manifestação de Deus aos pagãos. A salvação de Deus é oferecida a
todos e a ninguém discrimina.
O encontro dos Magos com Jesus os
fez retornar por outro caminho. Mudou a vida deles. O nosso encontro com o
Senhor também, deve levar-nos a tomar novos caminhos, provocar uma
transformação das nossas vidas. A mudança de rota é na Bíblia símbolo da
conversão. Que mudanças a Palavra de Deus exige de nós, hoje? Certamente são
novas trajetórias pessoais, familiares, comunitárias, socioeconômicas,
políticas e ecológicas para não expor a vida inocente à maldade dos homens.erodes de hoje.
Viver a Epifania é assumir o
Evangelho e a prática de Jesus Cristo como estrela guia, regra de vida, luz que
ilumina toda a nossa vida e caminhada na história, acalenta os que a recebem e
desmascara os hipócritas. Nossa missão é manifestar Jesus ao mundo através de
sua mensagem e de sua maneira de ser.
4.
Ligando a Palavra com a ação eucarística
Como povo celebrante somos epifania
da Igreja, cidade-luz, mistério de comunhão. Somos povo peregrino, convocados à
fraternidade universal, ao diálogo ecumênico e ao anúncio da Boa-Nova da
salvação.
Em profunda adoração, damos graças
ao Pai porque em Jesus, ele se manifesta como luz para todos os povos, e nos
arranca da tentação de fechar o mistério do Natal a um determinado povo,
cultura, tempo ou lugar.
Participamos da manifestação pascal
do Senhor, oferecendo nossos dons, “não mais ouro, incenso, mirra, mas o
próprio Jesus Cristo imolado e recebido em comunhão nos dons que o simbolizam”,
como rezamos na oração sobre as oferendas.
É com Ele, por Ele, e n’Ele que
entregamos nossa vida a serviço da misericórdia salvadora de Deus que passa
pelos pobres e se coloca nas encruzilhadas dos caminhos da história para todos
que nelas peregrinam.
Mesmo sendo Natal, celebramos a
Páscoa. Embora estejamos jubilosos com o nascimento não omitimos a paixão. A
oração sobre as oferendas alude a este fato claramente: “Olhai com bondade a
vossa Igreja que já não vos apresenta ouro, incenso e mirra, mas o próprio
Jesus Cristo, imolado e recebido em comunhão nos dons que o simbolizam”.
PRECES
DOS FIÉIS
Presidente: Que o Senhor nos
conceda a sua Luz divina para nossas vidas pessoais, para a Igreja e para toda
a sociedade.
1. Senhor, que a
Igreja possa ter o dom do conselho para ajudar quem vive na escuridão a
encontrar a tua Luz. Peçamos:
Todos: Vós que sois nosso Deus, dai-nos
vossa paz!
2. Senhor, que os
governantes, principalmente aqueles que foram recentemente eleitos pelo povo,
tenham uma gestão marcada pelo respeito a todos e não pela violência. Peçamos:
3. Senhor, que
nossa comunidade possa caminhar nas estradas de Jesus, vivendo na fé e no amor
todos os dias de nossas vidas. Peçamos:
4. Senhor, que em
cada um de nós possa brilhar a tua Luz, para que possamos ser testemunhas
autênticas da espiritualidade cristã. Peçamos:
5. Senhor, que tua
graça nos ajude a viver como peregrinos que buscam a Luz divina, a exemplo dos
Reis Magos. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Senhor, tornai a
nossa oração tão grande quanto ao mundo que quereis salvar, tornai-nos
solidários com as aspirações de todos os homens e mulheres, particularmente
àqueles que professam a mesma fé em Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
III.
LITURGIA EUCARÍSTICA
ORAÇÃO
SOBRE AS OFERENDAS:
Presidente:
Ó Deus, olhai com bondade as oferendas da vossa Igreja, que não
mais vos apresenta ouro, incenso e mirra, mas o próprio Jesus Cristo, imolado e
recebido em comunhão nos dons que o simbolizam.
Por Cristo nosso Senhor.
Todos:
Amém.
ORAÇÃO
PÓS-COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus,
guiai-nos sempre e por toda parte com a vossa luz celeste, para que possamos
acolher com fé e viver com amor o mistério de que nos destes participar. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos:
Amém.
V.
RITOS FINAIS
BÊNÇÃO
E DESPEDIDA:
Presidente: Deus que
vos chamou das trevas à sua luz admirável, derrame sobre vós as suas bênçãos e
vos confirme na fé, na esperança e na caridade.
Todos:
Amém.
Presidente: Porque
seguis confiantes o Cristo, que hoje se manifestou ao mundo como luz entre as
trevas, Deus vos torne também uma luz para os vossos irmãos e irmãs.
Todos:
Amém.
Presidente: Terminada
a vossa peregrinação, possais chegar ao Cristo Senhor, luz da luz, que os magos
procuravam guiados pela estrela e com alegria encontraram.
Todos:
Amém.
Presidente: (Dá a
bênção e despede a todos)
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