domingo, 28 de novembro de 2010

À espera do Natal



Seu verdadeiro nome é Advento. Seu significado não é uma espera no vazio de algo que pode não acontecer, mas sim, de quem está construindo sua casa para o Deus-conosco vir morar. O estado de espírito dessa espera manifesta-se numa incontida alegria do coração humano, “porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc.1,45). Diz a expressão popular: “A esperança é a última que morre”, e quando morre sempre traz amarga frustração. Faz-se necessário diferenciar as duas esperanças: a esperança humana apóia-se nas próprias forças e nela pode não acontecer o que se espera e a esperança cristã, que se apóia em Deus, significa a certeza da realização do que se espera, fundamenta-se na fidelidade de Deus.


Advento celebra a espera das duas vindas do Filho de Deus ao encontro da humanidade: a do passado e a do futuro. Natal, acolhido na fé, acontece todo dia em nossas vidas e sempre se renova. O Advento anima também nossa esperança na segunda vinda do Senhor, sua volta com poder e glória no fim dos tempos como juiz da história. Essa espera de sua volta não pode significar aguardá-lo permanecendo de braços cruzados, mas deve manifestar-se nas realizações de cada dia, através do empenho pela construção de um mundo novo onde a justiça e a paz se abraçarão.

Esta volta no fim dos tempos, como Ele mesmo advertiu, será imprevisível e inesperada e podemos senti-la antecipada, na vida de cada um de nós. Esperá-lo, portanto, é estar a caminho para o encontro com Ele, sempre em busca da conversão do coração. Os dois primeiros domingos do Advento preparam-nos para a volta de Cristo no fim dos tempos e, com uma palavra de ordem, convidam-nos a permanecer numa atitude de vigilância que nos ajudará “a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar nossa esperança nos bens eternos.” É seguindo os passos de Cristo que se percorre o caminho do amor e da justiça. 

Terceiro e quarto domingos do Advento preparam-nos mais diretamente para a celebração do Natal. Os textos litúrgicos, antes de tudo, fazem-nos professar que sua vinda na história dos homens fora predita pelos profetas. Diante da proximidade do Senhor (que a liturgia refere à primeira vinda) é compreensível a pergunta de muitos, dirigida a João Batista: “Que devemos fazer?” A resposta do Precursor, pedindo conversão, fundamenta a autêntica alegria que estabelece nova relação com Deus por meio do perdão dos pecados e da nova relação com o próximo pela prática do amor e pelo respeito à justiça. 

No quarto domingo, Maria da Anunciação acolhe a mensagem do Anjo Gabriel. Ninguém melhor do que Maria para ajudar-nos a fazer nossa preparação para o Natal. João Batista nos ensina a prepará-lo pela penitência, Maria pela atitude de fé. Como ela, nós cremos em tudo que foi escrito a respeito deste Menino. Preparou-se para o nascimento do seu Filho dirigindo-se “apressadamente” à casa de Isabel, sua parenta, para ajudá-la em sua gravidez de seis meses. Vai a esse encontro para servir a quem dela necessita. Ninguém melhor do que ela percebe todo o sentido da Encarnação e do Natal: sair de si e ir ao encontro do necessitado. O melhor a fazer na espera do Natal é seguir este exemplo: “Eis a serva do Senhor”.

Dom Eduardo Koaik - Bispo Emérito de Piracicaba

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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