terça-feira, 24 de maio de 2011

Sentido novo de palavras


Por: DOM ALOÍSIO ROQUE OPPERMANN 
SCJ ARCEBISPO DE UBERABA, MG
A linguagem humana é um excelente meio de comunicação. Por meio dela transmitimos conteúdos, idéias e sentimentos para o nosso semelhante. Mas todos sabem que seu sentido pode evoluir, e a mesma palavra que ontem significava uma coisa, hoje expressa outra. Basta ver o sentido original da palavra Cruzada, que hoje pode descrever qualquer luta organizada, mesmo que seja contra a dengue. Além do mais, as palavras podem receber um cunho pejorativo, como acontece quando mimoseamos alguém, dentro da Igreja, com a classificação deTridentino, ou Pré-conciliar. 
Palavras com novo sentido, são usadas para punir os que tem idéias diferentes das nossas que, naturalmente,  são  sempre as verdadeiras. Passo a apreciar duas dessas expressões em voga. Vale o velho ditado latino, que assim descrevia a comédia: “ridendo, castigat mores”. (Ridiculariza-se para castigar os costumes).

Atitude intimista: essa é a classificação com a qual carimbamos alguém, que supostamente reza   demais. De antemão achamos que tal cristão é um desligado da realidade, pouco preocupado com o aspecto social, um guloso espiritual. É lógico que essa pessoa, em tal exagero suposto, estaria fora do preceito divino. 
 “Paz para todo o que pratica o bem” (Rom 2, 10). O que na realidade tenho visto é que aquele que reza,  também se lembra do irmão. E os que mais amam são os que melhor rezam. Temos de deixar este preconceito barato de alcunhar de intimistas os que fazem o que devem.

Homens do Agronegócio: é outra palavra repleta de repreensão. Segundo eu entendo, seria a atividade daquele homem e mulher da lavoura que ultrapassam a agricultura familiar, usando recursos modernos de maquinário e insumos. Sabemos que a agricultura familiar produz 40% dos alimentos, mas só capta do poder público 15% do financiamento dado à lavoura moderna. Talvez essa desigualdade origine essa aversão. O jeito não é fazer pouco desses homens, afinados com a modernidade, que produzem 60% dos alimentos, e exportam em quantidade. Assim como se fala, se tem a idéia de que eles são grandes malfeitores. Isso não é verdade. A lavoura familiar deve organizar-se melhor, para obter os recursos necessários e merecidos.


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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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