Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ
Encontramos hoje, na liturgia da palavra, uma boa resposta para a pergunta: Quem são os santos? Isto dá-nos o salmo que rezamos em resposta à primeira leitura (cf. Ap 7,2-4.9-14): “Eis a geração que o buscam, que buscam a tua face, ó Deus de Jacó”. Santos são aqueles que buscam a face de Deus. Muitos têm a ideia de que os santos sejam pessoas extraordinárias, fenomenais que estabeleceram algum tipo de trabalho ou algum tipo de milagre em sua vida. Mas, na realidade, são pessoas que não se cansaram de buscar a Deus e seu rosto e, talvez por isso, é que algumas pessoas têm realmente feito coisas extraordinárias. Por isso são bem-aventurados, são felizes!
Este é o caminho para o qual nos conduz o Apóstolo São Paulo em sua Carta aos Filipenses, que por ele são chamados de santos em Cristo Jesus... Buscar a sua face é concordar com Jesus, que é o único que nos faz santos; é dar tudo em nossas vidas para acolher esta santidade – cada cristão é santo em Cristo Jesus porque vive numa vinculação original, radical e substancial com o seu Senhor.
Esta busca do rosto de Deus ajuda a entender melhor que a santidade é uma viagem, um caminho. É responsavelmente acolher os aspectos da vida, mesmo nos menos convidativos... nos momentos do pranto, da dor, da incompreensão, do sofrimento, do vazio...
A santidade é vocação para todos: recordemos aqui as preocupações do Beato João Paulo II, que dizia isso ao beatificar e canonizar tantos irmãos e irmãs. Nesse caso a imagem da primeira leitura pode nos ajudar: “apareceu uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, raça e língua”. Contar todas as pessoas que foram e são santas é impossível, porque seria como tentar medir a misericórdia de Deus, pois a misericórdia de Deus não conhece limites. Mateus, no Evangelho das Bem-aventuranças(cf. Mt 5,1-12a) enfatiza o fato de Jesus sentar-se, ou seja, o ato de ensinar, falar como um mestre.
O Concílio Ecumênico Vaticano II já recordava a vocação universal a que todos somos chamados: a santidade! Em união com a Igreja triunfante (na comunhão dos santos), peçamos ao Pai que os membros da Igreja peregrina se comprometam com a sua vocação à santidade. Que em cada família os pais, ao abençoarem seus filhos, desejem que os mesmos sejam santos, que vivam a vocação a que foram chamados, buscando a face de Deus em todos que deles se aproximarem. Vivamos, pois, a santidade, cada qual em seu estado e possamos, como nos ensinou o Papa Bento XVI, levar essa direção como meta de vida:
“A Solenidade de Todos os Santos é a ocasião propícia para elevar o olhar das realidades terrenas, dispersas pelo tempo, à dimensão de Deus, a dimensão da eternidade e da santidade”. O Papa então enfatizou que a solenidade de todos os santos “nos recorda que a santidade é a vocação originária de cada batizado” e “que todos os membros do Povo de Deus são chamados a ser santos, segundo a afirmação do apóstolo Paulo ‘esta, de fato, é a vontade de Deus, a vossa santificação’ (1 Ts 4,3)”.
Sejamos santos e vivamos a santidade, do levantar e ao deitar, em casa, no trabalho, no lazer e na vida comunitária. Só vence as lutas cotidianas quem, se espelhando na imensidão de santos e santas, busca a comunhão nessa realidade temporal com a comunhão dos santos. Que todos os santos e santas de Deus nos ajudem a viver a santidade e a missão, amém!
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