sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A laicidade do Estado

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Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney      
                                                                                                                        
No encontro com a classe dirigente do Brasil, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, o Santo Padre, o Papa Francisco, em seu discurso, abordou a questão da laicidade do Estado. O Papa falou que “memória do passado e utopia na perspectiva do futuro se encontram no presente, que não é uma conjuntura sem história e sem promessa, mas um momento no tempo, um desafio a recolher sabedoria e sabê-la projetar”, ressaltando três aspectos: a originalidade de uma tradição cultural, a responsabilidade solidária para construir o futuro e o diálogo construtivo para encarar o presente.

Quanto à tradição cultural, o Papa insistiu na integração de diversos elementos, entre os quais está a seiva do Evangelho, a fé em Jesus Cristo, o amor de Deus e a fraternidade com o próximo. “A riqueza desta seiva pode fecundar um processo cultural fiel à identidade brasileira e, ao mesmo tempo, um processo construtor de um futuro melhor para todos. Um processo que faz crescer a humanização integral e a cultura do encontro e do relacionamento; este é o modo cristão de promover o bem comum, a alegria de viver... O cristianismo une transcendência e encarnação; tem a capacidade de revitalizar sempre o pensamento e a vida, frente à ameaça da frustração e do desencanto que podem invadir os corações e saltam para a rua”.

Sobre a responsabilidade solidária, o Papa lembra que todos “somos responsáveis pela formação de novas gerações, por ajuda-las a ser hábeis na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige hoje o trabalho de reabilitar a política... Já no tempo do profeta Amós era muito frequente a advertência de Deus: «Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível» (Am 2, 6-7). Os gritos por justiça continuam ainda hoje”.

Quanto ao necessário diálogo construtivo, o Papa esclarece: “Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as gerações, o diálogo no povo, porque todos somos povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo abertos à verdade... É impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição das energias morais numa democracia que permaneça fechada na pura lógica ou no mero equilíbrio de representação de interesses constituídos. Considero também fundamental neste diálogo a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença da dimensão religiosa na sociedade, favorecendo as suas expressões mais concretas”. 

Uma expressão concreta da dimensão religiosa na sociedade foi a Jornada Mundial da Juventude: por isso o Estado a respeitou e valorizou, dentro da laicidade que lhe é própria.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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