quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Teresinha


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Dom Aldo Pagotto

Arcebispo Metropolitano da Paraíba - PB

“Teresinha de Jesus de uma queda foi ao chão; acudiu-a três cavalheiros, cada um, chapéu na mão. O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão, o terceiro foi aquele a quem ela deu a mão”. Essa canção de criança brincar revela um profundo sentido cristão. “Teresinha de uma queda foi ao chão”: retrata a situação da humanidade decaída, em consequência do pecado e de todo mal. A criatura estendida por terra é socorrida por Deus. Um único Deus manifestado nas três Pessoas. O Pai criador, o Filho redentor, o Espírito santificador. A presença da Trindade manifesta-se em função do soerguimento de toda a humanidade. O Pai cria-nos à imagem de sua semelhança. O Filho redime-nos como irmão que veio para salvar e não condenar. O Espírito conserva restaurada a vida dos seres humanos, acompanhando-os permanentemente nos ciclos da existência.

Pode-se dizer que as duas mãos do Pai representam Jesus e o Espírito. Mãos que elevam o ser humano fragilizado ensinando que somente o trabalho gera bons frutos. A simplicidade da música e a candura da letra encerram a espiritualidade de Teresinha, chamada de pequena via. Ela buscou a verdade e combateu toda forma de falsidade que se instala em nossas vidas. Não buscou a si mesma. Duas frases dela provam seu combate ao egoísmo humano, fonte da mentira existencial: “tudo me foi dado por Deus, desde quando não o tenha procurado por vaidade e aflição de espírito...” e “na vida cristã não é permitido cunhar moedas falsas para comprar pessoas”.
Teresinha entrou para a vida religiosa no Carmelo aos quinze anos de idade e lá viveu mais nove. Seus desejos identificavam-se com vários carismas e estilos de vida. Obstinada pela missão evangelizadora, viveu nos claustros do convento, pedindo a Deus para viver e morrer como mártir, lutando contra a hipocrisia, a mediocridade, testemunhando a autenticidade da fé e do amor. Humildemente ela ofereceu a sua vida como vítima do amor misericordioso para que todo o mundo experimentasse o amor que sentia por Nosso Senhor e assim seguisse os passos do Evangelho.
Ela entendeu que para evangelizar os outros é indispensável libertar-se de todo apego a si mesmo, sempre presente em nossa natureza. Sua vida de oração e trabalho foi permeada de pequenos sacrifícios, mortificando as paixões desordenadas, liberando a simplicidade, expandindo a autenticidade, desmascarando a vaidade, superando o desejo de dominar os outros, enfim, essas feras tentam-nos e aumentam a espiral da violência.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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