segunda-feira, 29 de julho de 2013

A Carta de Francisco

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Dom Aldo Pagotto
Arcebispo da Paraíba (PB)
O Papa Francisco publicou “A luz da fé” - Carta Encíclica iniciada por Bento XVI para celebrar o presente Ano da Fé (2012-2013). A Carta visa ilustrar a vivência da fé cristã, com amor e esperança, precedida por dois documentos que abordam exatamente a Caridade (Deus é amor) e a Esperança (Salvos na esperança).
Na carta aos Hebreus, Jesus Cristo é apresentado como modelo, autor da fé, ontem, hoje e por toda a eternidade (Hb.13,7-8). É Ele quem nos participa a sua vida numa permanente comunhão de amor. O penhor do seu amor remete-nos à construção da família, da sociedade e de um mundo melhor. O dom da fé leva-nos a superar a dor e todo sofrimento que separa e que destrói a humanidade pelo ódio e pela violência. A fé é dádiva divina do amor gratuito do Senhor que habita o nosso ser, pelo seu Espírito. O Senhor vem em auxílio de nossa fraqueza. Ele conhece nossas limitações, percalços, fugas, bloqueios, ou qualquer pecado contra o amor. O dom da fé, presença do Senhor agindo em nós, ilumina a nossa inteligência, fortalece nossa vontade, inspira nossos sentimentos, constrói-nos à sua imagem. A fé é um dom inefável que ultrapassa os limites de nossa razão, porém, não invade os limites da liberdade e da razão. A fé forma-nos e nos aperfeiçoa como seres humanos novos, renovados no amor e na esperança.
Sem o dom da fé é difícil amar a nós mesmos, aos outros e servir aos semelhantes, de todo o coração, com todas as nossas forças. Quem crê ou quem não crê passa por contradições e provações inexoráveis que fazem parte da vida. A fé desenvolve em nós a compreensão, a aceitação, a reciprocidade solidária, sobretudo nos momentos em que “o chão some dos nossos pés” diante de perdas, ilusões desfeitas, decepções e sofrimentos inimagináveis. Mesmo que a gente se sinta infeliz, abandonado, desprezado, encontramos o apoio no amor do Pai, na esperança de dias melhores, buscando novos caminhos. Filho de Deus, Jesus foi rejeitado, crucificado e morto numa cruz. Verdadeiro Deus e Homem, Jesus abraçou a fé, o amor, a esperança.
Jesus, sentindo-se abandonado pelo próprio Pai, a Ele se confiou e se entregou gritando: “meu Deus, por que me abandonaste? Em tuas mãos entrego o meu Espírito”. Redivivo, Jesus testemunha e doa a paz como vida no mesmo Espírito que recebeu do Pai. Dom sobrenatural, a fé acompanha-nos permanentemente na trajetória da existência. Nosso aprendizado evolutivo comporta o dom de Deus que é Amor, inseparável do dom da fé, vinculada à esperança. A fé é dom que nós recebemos em vista da construção do bem comum, da família, do trabalho, das estruturas da sociedade.
O Papa Francisco afirma que na época moderna a fé é vista como um salto no vazio que impede a liberdade do homem. É importante ter fé e confiar com humildade e coragem no amor misericordioso de Deus que endireita as distorções da nossa história. Jesus atua na história. Assim como confiamos no arquiteto, no farmacêutico, no advogado, que conhecem as coisas melhor do que nós, pela fé confiamos em Jesus, especialista nas coisas do Pai. Sem a verdade a fé não salva. A fé não é intransigente e quem crê não é arrogante. A verdade que vem do amor de Deus não se impõe pela violência, não esmaga o indivíduo e torna possível o diálogo entre fé e razão.
Hoje se vive uma crise de verdade e se acredita apenas na tecnologia ou nas verdades de um indivíduo. Teme-se o fanatismo e se prefere o relativismo. A evangelização é essencial. A luz de Jesus brilha no rosto dos cristãos e se transmite de geração em geração, através das testemunhas da fé, pelos Sacramentos, como o Batismo e a Eucaristia. A confissão de fé, o Credo cristão, a oração do Pai Nosso, envolvem o crente e o faz ver a vida com a verdade de Cristo.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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