sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Prestar contas

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Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo de Montes Claros (SP)
A transparência ou lisura na administração de qualquer empreendimento no convívio com o semelhante é indispensável para a demonstração da grandeza de caráter de quem o faz e da manifestação do bom serviço prestado à comunidade. Quem tem a consciência bem formada e alimentada com o temor de Deus, faz isso em vista de dever prestar contas a Ele mesmo. Por isso, a ética, a honestidade e a moral são predicados de quem assume qualquer função de responsabilidade social.

O profeta Amós denuncia a desonestidade dos quem lesam o semelhante. Eles massacram os pobres, eliminam-nos da terra. Compram a preço irrisório e vendem a preço escorchante, vendem produtos ruins como bons, usam medidas falsas... mas não ficam imunes diante do julgamento do Criador: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram” (Amós 8,7). Ele sempre lembra as pessoas sobre os valores maiores, através dos acontecimentos, das pessoas de bem e de sua Palavra.  De fato, a pessoa pode se esquecer de Deus no momento de cometer um delito, mas precisa saber que Deus não se esquece do mesmo. Ele é misericordioso, mas espera a conversão do pecador. Aliás, Ele quer o bem de todos. Deseja que “todos cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Timóteo 2, 4). O apóstolo Paulo recomenda sejam feitas preces por todos os que têm cargos importantes, para haver paz e tranquilidade na sociedade (idem 2,3). Aliás, isso é responsabilidade de todos, que deveriam saber escolher as lideranças, de modo especial as políticas, para termos pessoas de lisura moral ou grandeza de caráter para um real serviço ao bem comum. Sua prestação de contas ao público e a Deus deve ser constante e com grande transparência.
Jesus narra a realidade de um administrador  que foi chamado a prestar contas ao homem rico, seu patrão. O administrador usou da inteligência e criatividade para salvar o seu futuro. Certamente renunciou o que seria o ganho de comissão para agradar os devedores e, ao mesmo tempo, não lesar o patrão, que poderia mandá-lo para a prisão. A lição de Jesus é clara, em relação a esse episódio. Assegurar o futuro melhor diante de Deus é saber utilizar da vida para fazê-la render o bem e fixar os olhos no tesouro que não perece. Para isso, precisamos estar atentos e fazermos tudo de acordo com o projeto de Deus, prestando conta, em consciência, do que realizamos, como sendo tudo realizado na presença do Senhor. Ele vai nos recompensar pelo bem realizado de acordo com seus mandamentos. O que é material é bom, mas utilizado com respeito à ética, à moral, à honestidade, à justiça e ao amor. Saber administrar é baseado na consciência reta e bem formada para não errarmos o sentido ou a orientação da caminhada da vida. Deus conhece o coração humano bom ou o perverso. Uma vez todos nos apresentaremos diante dele para prestar contas de nossa vida. Lembramos aqui também a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. Há quem usa da vida colocando no que é passageiro o valor absoluto. Feliz de quem sabe utilizar o provisório para realizar o maior bem possível ao próximo. A recompensa será esplêndida e eterna depois. Quem não tem o dom da fé deve ser ajudado a perceber o sentido de ser humano com o semelhante para mostrar, ao menos, sua grandeza de caráter e o bem que deve fazer à sociedade com seus talentos.

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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