- TERÇA, 22 ABRIL 2014 12:12
- CNBB
Dom Esmeraldo Barreto de Farias
Arcebispo de Porto Velho (RO)
A Semana Santa deste ano está marcada pela presença dos desabrigados das enchentes do Rio Madeira. Porto Velho sente e vê as consequências dessa enchente, sem aqui, discutir suas reais causas. Se há uma pesada cruz nos ombros dos desabrigados, dos que tudo perderam menos a vida; por outro há a esperança de uma vida nova. Isto é o que Jesus ressuscitado quer para cada família desabrigada e é o que buscam essas famílias que estão se organizando para reivindicar seus direitos, no Estado em que foi decretada situação de calamidade pública.
Durante a Semana Santa, especialmente no Tríduo da Páscoa, participamos de grandes celebrações que nos convidam a viver hoje a entrega da vida como Jesus: “Ele, existindo em condição divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E encontrado em aspecto humano humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de Cruz!” (Fl 2,6-8).
Passo a passo, mergulhamos no Mistério de Cristo que celebrou com os seus apóstolos a última ceia, lavou os pés dos discípulos, rezou no monte das oliveiras com Pedro, Tiago e João, sentiu bem de perto a traição de Judas, a negação de Pedro, a fuga de todos os seus discípulos (Mc 14,50). O Evangelho de Marcos ressalta que “quando o centurião, que estava em frente dele, viu que Jesus assim tinha expirado, disse: “Na verdade, este homem era Filho de Deus!” E acrescenta Marcos: “Estavam ali também algumas mulheres olhando de longe; entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e Joset, e Salomé. Quando ele estava na Galileia, estas o seguiam e lhe prestava serviços. Estavam ali também muitas outras mulheres que com ele tinham subido a Jerusalém” (Mc 14,39. 40-41).
E o que aconteceu depois? Jesus que foi crucificado, morto e sepultado ressuscitou ao terceiro dia, “apareceu a Cefas e, depois aos Doze. Mais tarde, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez. Destes, a maioria ainda vive e alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago depois, a todos os apóstolos. Por último apareceu também a mim, que sou como um aborto, Pois eu sou o menor dos apóstolos, nem mereço o nome de apóstolo, pois eu persegui a Igreja de Deus. É pela graça de Deus que sou o que sou” (1Cor 15,5-10).
Então, celebrar a Semana Santa é viver o Mistério de Cristo. Isto quer dizer que sou chamado por Deus para seguir Jesus Cristo que entregou sua vida confiando totalmente no amor do Pai. Como isto pode acontecer na minha, na sua vida, na vida da família, do trabalho, do lugar onde você mora e na vida da sociedade?
Em primeiro lugar, contemplando a vida de Jesus que assumiu a condição de servo. Ele é o servo de Deus que não procurou privilégios, ter vantagens para si neste mundo, isto é aproveitar-se da condição de ser Filho de Deus! Muitas vezes hoje, se escuta alguém dizer ou perguntar: “o que você vai ganhar com isto?” Esta condição é fundamental porque me leva a entregar minha vida para Deus e a comunidade, através do serviço em tantas atividades que fazem outras pessoas felizes.
Veja o testemunho do Seminarista Cristiano Amaral que conheceu D. Maria Colombo, natural do Ceará e residente no Setor 04 da sede da cidade de Monte Negro. “Quando eu a encontrei, percebi uma espiritualidade encarnada, sobretudo identifiquei nela uma alegria e uma bondade. Um dos atos que me marcou foi a profundidade de sua fé que a faz partilhar: em janeiro do corrente ano, eu estava na comunidade Sagrado Coração de Jesus (Monte Negro) quando ela chegou e me disse: “Meu filho, toma uma abóbora e algumas coisinhas pra você poder ficar feliz, meu filho.” E esta mesma experiência se repetiu com todos os missionários. Então, tive a curiosidade de perguntar a seu filho mais velho se estas atitudes eram frequentes, ou somente com os missionários, ao que ele me respondeu: “A mãe faz isto com todo mundo, acho que o povo pensa que ela é uma boba. Todas as pessoas que vão lá em casa não saem sem algum agrado.”
Podemos dizer que D. Maria Colombo é uma serva Deus? Ela vive como uma serva de Deus? Dessa forma, ela está “lavando os pés” dos irmãos e irmãs? E você, como vive o caminho de Jesus servo?
Em segundo lugar, pedindo a graça para seguir os passos de Jesus servo que confia inteiramente no Pai. Seguir os passos de Jesus não é merecimento nosso, nem depende somente de nossa boa vontade. É uma graça de Deus. Então, eu preciso pedir ao Espírito Santo que me conceda a graça do despojamento, da humildade para que eu esteja sempre disponível para o serviço de Deus, da comunidade, da Igreja, dos pobres.
Mergulhar no Mistério da vida de Jesus, no Mistério da Páscoa é não ter medo de servir; é servir sem esperar recompensa, isto é, sem querer tirar vantagem pessoal ou para seu grupo. A esta atitude se pode chamar também de gratuidade; pois gratuitamente eu ofereço do meu tempo, do meu saber, do meu ter para o bem dos outros, especialmente dos mais pobres. Isto só é possível se eu confio inteiramente Pai e pela força do Espírito Santo ofereço minha vida no seguimento a Jesus Cristo. Como você vive essa gratuidade?
Rezemos para que possamos viver esses passos:
a) contemplar a vida de Jesus que assumiu a condição de servo;
b) pedir a graça para seguir os passos de Jesus servo que confia inteiramente no Pai;
c) colocar-nos a serviço das pessoas na vida da família, da comunidade, do lugar onde moro, na vida da sociedade; numa pastoral, em um movimento...
Façamos este caminho participando ativamente de momentos tão importantes como a quinta feira santa; a sexta feira santa; a vigília da Páscoa e toda a festa da Páscoa! Em todas as Igrejas católicas na Arquidiocese de Porto Velho, teremos a celebração da quinta feira santa às 19h; na sexta feira santa às 15h; na Vigília da Páscoa às 20h e, no domingo de Páscoa, em vários horários!
Uma abençoada Semana Santa e uma Feliz Páscoa é o que a Arquidiocese de Porto Velho deseja para você, sua família, comunidades pastorais, movimentos e serviços, seminaristas, religiosos (as), Diáconos e Diáconos Permanentes, Padres e Bispos. Um grande abraço. D. Esmeraldo Farias.
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