segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Superar as crises com esperança

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena

Superar as crises com esperança

Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo de Guarabira (PB)


A Nação brasileira está atravessando uma enxurrada de crises. Instituições e pessoas são profundamente afetadas. As crises são reais e todos sentem suas consequências, principalmente os mais pobres.
As crises não acontecem de um momento para outro. As causas vão se somando. Deste cenário pode-se tirar lições importantes, indignações, atitudes, reações e respostas adequadas a favor daquilo que a própria crise aponta como solução. Elas abrem possibilidades para um processo de correção de rumos e surgimento de uma cultura da honestidade e da solidariedade.

Os momentos de crises provocam desconfiança, desespero e desorientação. Estas dificuldades precisam ser vencidas. Novas posturas devem ser tomadas em todos os âmbitos da sociedade. Buscar princípios que garantam o bem comum e não interesses individuais e mesquinhos de grupos. Esses interesses comprometem todas as instâncias democráticas e cidadãs. No atual momento de crises da nação brasileira é prioritário uma reconstrução política. É evidente o desvirtuamento da política em razão das mediocridades partidárias. Daí o grito forte por uma reconfiguração. Falou-se muito em reforma política, e as contribuições sérias dos cidadãos brasileiros não foram acatadas. As questões éticas e morais foram banidas da memória de muitos.Os atuais caminhos precisam ser reorientados para o bem da nação. Um voto de gratidãopara uma comunidade brasileira que impediu os seus vereadores aumentarem seus próprios vencimentos. É necessário um equilíbrio social e econômico para termos uma nação estável.
Atitudes de indiferentismo e comodismo não acrescentam soluções tais como economizar, evitar desperdícios, adoção de novos hábitos e cobrar atitudes honestas de todo cidadão. Os altos escalões da sociedade, por exemplo, os políticos, poderiam manter seus salários e suas despesas no nível de todo cidadão brasileiro. Uma nação que não olha o bem comum não é capaz de construir uma cultura solidária e sustentável.
Os pequenos e pobres manifestam-se sempre sensíveis à solidariedade e ao bem comum. Ao contrário, os altos escalões da sociedade demonstram cada vez mais insensíveis a uma cultura da solidariedade e ao cuidado pela casa comum, não apenas da natureza, mas todas as relações da pessoa humana consigo, com os outros e com Deus, o Criador de tudo e de todos.O que se vê são atitudes em causa própria. Essas atitudes aumentam as crises manifestadas atualmente. É impossível concordar com as disputas partidárias que tiram proveito de uma situação limite para solucionar problemas complexos.
Constatamos que a praga da corrupção vai se instalando por todos os setores da nação brasileira. Contudo, muitos problemas começam a ser enfrentados seriamente, em vez de serem postos debaixo do tapete. Não se pode tolerar uma cultura de conivência com a corrupção. Quando falamos em corrupção não apontamos simplesmente para os desvios vultosos da administração pública, mas também os pequenos desvios ou atitudes que descumprem os verdadeiros direitos e deveres do cidadão. A prática de ações desonestas leva à insensibilidade e à corrupção da própria consciência. É preciso ser vigilante para não se deixar corromper pelos negócios fáceis e pela exploração de pessoas. São muitas as formas de corrupção. Não tenha dúvida, a corrupção política unida à corrupção econômica devasta toda a vida social.
Que as crises sejam superadas sem prejuízo dos trabalhadores, das instituições e, principalmente, dos mais pobres. É indispensável uma educação para a honestidade, a justiça e a solidariedade. Viver bem o presente e olhar para o futuro com esperança. Pois, Cristo é o sentido pleno de nossa vida.
http://www.cnbb.org.br/artigos-dos-bispos-1/dom-francisco-de-assis-dantas-de-lucena-1/17186-superar-as-crises-com-esperanca

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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