quarta-feira, 30 de março de 2011

A Anunciação é a festa do encontro do ‘Sim’ de Maria com o ‘Sim’ do Verbo, diz presidente da CNBB


SEX, 25 DE MARÇO DE 2011 09:30 CNBBATUALIZADO - SÁB, 26 DE MARÇO DE 2011 00:24

O presidente da CNBB e arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, presidiu, na manhã de hoje, a missa do Conselho Permanente, que está reunido na sede da Conferência desde quarta-feira, 23. Esta é a última reunião Conselho cujo mandato termina na 49ª Assembleia Geral da CNBB, no mês de maio, em Aparecida (SP).
Em sua homilia, dom Geraldo falou sobre o sentido da festa da Anunciação do Senhor, celebrada pela liturgia hoje. “A solenidade da Anunciação tem ao mesmo tempo dimensão mariana e cristológica. É a festa do encontro do ‘Sim’ de Maria, pronunciado no tempo, com o ‘Sim’ do Verbo, pronunciado desde toda a eternidade”, disse o arcebispo.

Dom Geraldo destacou o papel da Virgem Maria na salvação da humanidade. “Maria colabora de modo admirável para que a Aliança de Deus com seu povo se concretize plenamente. Ela representa todo o povo da promessa, tanto o povo da antiga como o da nova aliança”, disse. 

“A Encarnação do Verbo engloba o mistério da colaboração responsável de Maria na salvação recebida como dom. Para salvar-nos, Deus quis precisar da colaboração humana”, acrescentou dom Geraldo.

Leia, abaixo, a íntegra da homilia.



ANUNCIAÇÃO DO SENHOR – 25.03.2011
Nesta solenidade litúrgica, celebramos um dos mistérios fundamentais da fé cristã: a Encarnação do Verbo de Deus, no seio virginal de Maria, por obra do Espírito Santo. Dirigindo-se a Maria, disse ao anjo: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1, 28). Essa saudação coloca em relevo que Maria, a escolhida de Deus, é o objeto da sua graça e do  favor divino, pois nela se realiza de modo extraordinário a promessa messiânica feita por Deus. Com seu “SIM”, Maria colabora de modo admirável para que a Aliança de Deus com seu povo se concretize plenamente. Ela representa todo o povo da promessa, tanto o povo da antiga como o da nova aliança. 

A solenidade da Anunciação tem ao mesmo tempo dimensão mariana e cristológica. É a festa do encontro do “Sim” de Maria, pronunciado no tempo, com o “Sim” do Verbo, pronunciado desde toda a eternidade: “Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,7). Realiza-se a profecia de Isaías: “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel, porque Deus está conosco” (Is 8,10).
Com admirável sabedoria, diz o Papa Paulo VI na Exortação apostólica Marialis Cultus: “Para a solenidade da Encarnação do Verbo, no Calendário romano, com motivada decisão, foi retomado o título antigo "Anunciação do Senhor"; no entanto, a celebração era e continua a ser festa, conjuntamente, de Cristo e da Virgem Maria: do Verbo que se torna "filho de Maria" (Mc 6,3) e da Virgem que se torna Mãe de Deus. Relativamente a Cristo, o Oriente e o Ocidente, nas inexauríveis riquezas das suas Liturgias, celebram tal solenidade em memória do "SIM" salvífico do Verbo Encarnado, que ao entrar no mundo disse: "Eis-me, eu venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade" (Hb 10,7; Sl 39,8-9); em comemoração do início da Redenção e da indissolúvel e esponsal união da natureza divina com a humana na única Pessoa do Verbo. Relativamente a Maria, por sua vez, é celebrada como festa da nova Eva, virgem obediente e fiel, que, com o seu "SIM" generoso (cf. Lc 1,38), se torna, por obra do Espírito Santo, Mãe de Deus, mas ao mesmo tempo também, Mãe dos viventes, e, ao acolher no seu seio o único Mediador (cf.1Tm 2,5), verdadeira Arca da Aliança e verdadeiro Templo de Deus; ademais, em memória de um momento culminante do diálogo de salvação entre Deus e o ser humano, e em comemoração do livre consentimento da Santíssima Virgem e do seu concurso no plano da Redenção” (MC 6).
A Encarnação do Verbo engloba o mistério da colaboração responsável de Maria na salvação recebida como dom. Para salvar-nos, Deus quis precisar da colaboração humana.

Por que o Verbo se fez carne? O Catecismo da Igreja Católica nos dá a resposta a essa interrogação: “Com o Credo niceno-constantinopolitano, respondemos confessando : E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria , e se fez homem. O Verbo se fez carne para salvar-nos reconciliando-nos com Deus; para que assim conhecêssemos o amor de Deus; para ser nosso modelo de santidade;para tornar-nos participantes da natureza divina” (CIgC 456 – 459).

Diz ainda o Catecismo da Igreja Católica: “Retomando a expressão de S. João, o Verbo se fez carne (Jo 1,14), a Igreja denomina ‘Encarnação’ o fato de o Filho de Deus ter assumido uma natureza humana para realizar nela a nossa salvação.
 

Referindo-se a este mistério diz-nos a carta aos Hebreus: “Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifício pelo pecado. Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade” (Hb 10,5-7).

Cada vez que celebramos a Eucaristia, o Senhor repete para nós “Fazei isto em memória de mim”. Ele nos ensina a darmos também o nosso corpo e o nosso sangue aos irmãos. Só assim, na fé, nossa celebração ganha pleno sentido existencial e não corre o risco de se esvaziar em ritualismo sem ressonância na vida. A salvação que vem de Deus e nos é oferecida em Cristo encarna-se no dia a dia no “sim” que generosamente buscamos dar a Deus, associando-nos ao “sim” pronunciado pelo Verbo, desde toda a eternidade, que se uniu ao “sim” de Maria “quando chegou a plenitude dos tempos” (Gl 4,4).

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Reflexão

Todas as pessoas costumam falar em justiça ,mas para a maioria delas o fundamento dessa justiça são princípios e valores humanos, principalmente o que está escrito nas leis. Para nós cristãos, esse critério não é suficiente para entendermos verdadeiramente o que é justiça. Não é suficiente em primeiro lugar porque nem tudo o que é legal, é justo ou moral, como por exemplo a legalização do divórcio, do aborto ou da eutanásia. Também devemos levar em consideração que todas as pessoas, embora sejam seres naturais, possuem um dom de Deus que faz delas superiores à natureza, participantes da vida divina, e como Deus é amor, o amor é, para quem crê, o único e verdadeiro critério da justiça

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